Não, não pensem que tem alguma coisa a ver com segurança veicular, incêndio ou qualquer outro risco relacionado a este tipo de veículo. Mas, ouvindo pelo menos sete colegas jornalistas, ouvi deles a mesma resposta para minha pergunta: você se sente refém do marcador da capacidade da bateria do carro 100% elétrico?
Sim! Foi a resposta de seis eles. Apenas um disse que, de tanto andar em carro elétrico, inclusive em viagem à China, já não se “liga” tanto no marcador.
Eu já andei em cinco carros elétricos, sempre me incomodando com a minha exagerada atenção para com o marcador da capacidade da bateria. Olhava mais para ele do que para o trânsito.
Mas foi, no início desta semana, ao andar no Mustang elétrico que esta coisa mais me impressionou. Ocorre que sai de Campinas com o 310 km de autonomia. Ainda dentro da cidade, parando nos “PARE” e nos semáforos, estava tranquilo, cheguei na estada com 290.
Daí em diante, a agonia. Precisei dar uma “pisada” forte (que maravilha de arrancada) e a queda foi impressionante. Aterrorizante, melhor dizendo! Em menos de hum quilômetro, baixou para 240. Aconselhado pelo meu amigo Fraga, por celular, baixei a velocidade para menos de 90 km/h e não mais tirei os olhos do marcador, que baixava muito rápido. E os caminhões “apertando” na traseira.
O único colega, que disse não ter mais problemas como o que enfrentei, disse tratar-se de “fobia de autonomia”, igual aquelas que todos nós enfrentamos quando, no carro à combustão, o marcador bate no “vermelho” e não há perspectiva de um posto de abastecimento à frente.
Outro conta que tinha planos para passar o fim de semana na praia, mas que a ideia foi abandonada nos primeiros quilômetros da estrada, porque a queda da reserva da bateria caiu vertiginosamente. Voltou para casa e passou o fim de semana em São Paulo e no trânsito da cidade o elétrico não “negou fogo” e na segunda-feira ainda tinha 40 km de autonomia.
Outro colega não arriscou viajar 130 km, com a família para o litoral santista, apesar do marcador garantir autonomia de 400 km. “E se acaba a carga, tenho que chamar um guincho? Optou por também ficar na capital e chegar na segunda com autonomia de 170 km, rodando por toda São Paulo, inclusive ir ao Morumbi (ele mora na Zona Norte e o estádio é na Zona Sul)) ver o seu São Paulo jogar.
Agora falando da minha tristeza em sentar em um Mustang e não poder acelerar. Triste, não? E, pior, quando tirava os olhos do marcador e olhava para os motoristas que me ultrapassavam com um sorriso de ironia.
Por Chico Lelis