Mercedes-Benz e Audi perdem espaço, mas segmento premium teve bom desempenho em 2020
A Mercedes-Benz anunciou o fim da produção dos seus carros no Brasil: o Classe C e o GLA, que eram fabricados em Iracemápolis, passarão a ser produzidos em outros países e a Audi informou que está prestes a abandonar a produção no Paraná. Os representantes de ambas as marcas responsabilizam a queda de vendas no segmento de carros Premium para justificar a tomada de decisão
Jörg Burzer, da Mercedes-Benz AG, disse que a decisão decorre da “difícil situação econômica no Brasil, que foi agravada pela pandemia da Covid-19”.
Johannes Roscheck, presidente da Audi do Brasil, disse à revista Exame que está em tratativas com o governo sobre as regras para fabricantes de pequenos volume: “Não estamos pedindo subsídios, queremos regras claras”, disse o executivo.
De fato, as duas marcas não tiveram um bom desempenho no último ano. A Mercedes-Benz, que tinha 23% do segmento em 2016, subiu para 26% em 2017 e manteve 23% no ano seguinte, mas está fechando 2020 com apenas 15,4% de participação, caído de 12 mil unidades para menos de sete.
A situação da Audi é semelhante: tinha 23% em 2017, com 11,6 mil carros vendidos e caiu para menos de sete mil em 2020 e ficou com apenas 15% de participação.
Mas responsabilizar a crise econômica ou a pandemia do coronavírus não é sustentável. Se assim fosse, todas as marcas de luxo estariam numa situação difícil, o que não é verdade. BMW, Volvo e Porsche, por exemplo, além de outras marcas com menor participação, cresceram e chegaram a dobrar o volume de vendas e a participação este ano em relação a 2016. Além disso, o mercado total de luxo, com suas 18 marcas (veja quadro) teve uma queda de apenas 15% até novembro, portanto bem inferior à queda do mercado total, que é de 28%.
O maior salto foi da Porsche, que tradicionalmente tinha 2% do mercado com pouco mais de mil unidades ao ano. No ano passado a marca vendeu 1,6 mil unidades e ficou com 3,4% de participação e neste ano já tem 2,4 mil carros vendidos até novembro, o que lhe dá 6% do mercado de luxo. É a única marca que apresentou crescimento num período em que todo o mercado e todas as concorrentes tiveram queda em relação a 2029.
Mas outras tiveram bom desempenho. A BMW caiu apenas 6,1% (lembrando: o mercado caiu 28% e o segmento de luxo 15%) e vai fechar 2020 com 12 mil carros, o melhor desempenho desde 2016, com 27,5% de participação no segmento. A Volvo também teve um aumento expressivo ao longo dos últimos anos, partindo de 7% em 2016 e aumentando ano a ano, para fechar 2020 com 17% das vendas de carros premium e o segundo maior volume de unidades (cerca de 7,3 mil), com queda de apenas 2% em relação a 2019.
O pandemia afeta todas as montadoras, todas as importadoras, afeta o mundo. A crise econômica no Brasil afeta todos os setores da sociedade. Uns se superam, dão a volta por cima e até crescem; outros sucumbem, têm outros interesses, desistem.