Nesta semana, finalmente, as autoridades resolveram dar o “basta” a um abuso que vinha se arrastando há vários anos: o uso “liberto” e abusivo das chamadas “bicicletas elétricas”.
Sem qualquer tipo de controle, muitos usuários desses veículos trafegam pelas ruas de nossas cidades, pela contramão, sobre calçadas, nada respeitando.
“Pensando bem…”
Bom, era assim que eu havia começado minha coluna desta semana, mas aí, resolvi ouvir a opinião de alguém que conhece o setor de ciclomotores elétricos e não “bicicletas elétricas”.
Então, fui ouvir Saulo Guimarães, empresário do setor em Santos, no ramo há cinco anos. Ele lembrou que os acidentes envolvendo estes veículos, que já são cerca de 1 milhão circulando pelo País, são muito poucos em relação às bicicletas e motocicletas.
E que há um engano no que se refere ao projeto, já que ele coloca os ciclomotores como veículos de pessoas de posse, quando pelo preço, que varia entre R$ 6 mil e R$ 18 são para pessoas de menor poder aquisitivo.
Eu tenho um cliente da loja – conta Saulo – que sai do Perequê (bairro do Guarujá) atravessa a balsa, para chegar ao trabalho, em Santos, no bairro do Gonzaga, rodando 60 km para trabalhar e voltar para casa. Antes do ciclomotor, ele fazia isso de bicicleta. Por isso, vejo que o ciclomotor elétrico é para uso de pessoas pobres e não de ricos que podem comprar motocicletas caras.
Há casos de trabalhadores que rodam de bicicleta, entre o Guarujá e a Praia Grande, pedalando cerca de 160 km por dia, no trajeto entre a casa e o trabalho. E são aproximadamente 10 mil ciclistas que fazem, diariamente, a travessia entre Guarujá e Santos.
E Saulo ressalta que, muito embora a resolução do Contran entre em vigor no dia 1º de julho, a sua regularização só ocorrerá em 2025.
“Isto, significa, segundo ele, que todos os usuários terão tempo de, até lá, colocar seus veículos em ordem, obedecendo às novas normas”.
A dúvida fica para saber como acontecerá daquele ano em diante, pois a lei não tem efeito retroativo. Então só vai valer para quem comprar seu ciclomotor a partir de então?
Não nas ciclovias, calçadas, contramão e passar no vermelho
Ao vender um ciclomotor elétrico, o empresário santista lembra aos seus clientes que não devem andar nas ciclovias, já que seus veículos são mais rápidos (entre 35 km/h e 45 km/h) que a maioria dos ciclistas, o que significa risco. Adverte também para a irregularidade de andar sobre as calçadas e “furar” o sinal vermelho. Atos esses que levam a maioria dos motoristas e pedestres a aplaudirem a nova Resolução do Contran.
Mas ainda demora.
Por Chico Lelis