Em entrevista à Autoinforme, o ex-ministro Delfim Netto culpa o oligopólio e a falta de eficiência para explicar os preços altos: “o Brasil detesta competição”.
Entrevistado pela Autoinforme, o economista Delfim Netto, professor, palestrante, consultor e ex-ministro de três governos da ditadura, disse que o que faz os preços do carro (e de outros produtos) no Brasil serem muito altos é o oligopólio e a ineficiência da economia.
Delfim Netto disse que “é importante considerar que o Brasil é um país no qual o imposto em geral é a maior justificativa para as coisas custarem mais, mas quando você desce aos detalhes, vai que ver que existem realmente coisas que são muito mais caras no Brasil porque nós somos muito menos eficientes. Normalmente, a taxa de retorno é maior do que nos demais países, não nesses últimos meses, nesses últimos dois ou três anos, mas ela é seguramente maior do que mundo.
“Isso basicamente, se deve ao fato do Brasil ser uma economia oligopolizada. Não há competição, quando há competição, ela tem restrições muito grandes, de forma que você não tem realmente um processo competitivo funcionando como funciona em quase todas as economias do mundo.
“Nós somos uma economia muito fechada, nós somos uma economia em que quem está produzindo tem praticamente o monopólio. Mesmo no caso do setor automobilístico, onde tem um número crescente de participantes, ainda assim as empresas têm uma proteção enorme. Foram construídos mecanismos que impedem a competição. E como as empresas sobrevivem? Sobrevivem porque pedem socorro ao governo. Diz: olha, a demanda caiu, nós temos capacidade para produzir quatro milhões e só estamos vendendo dois milhões e meio, então baixa aí o imposto um pouquinho, reduz, me dá aí uma vantagem adicional, inventa um processo. Vende a ideia que vai construir um carro nacional…
“São paliativos que não resolvem. Na verdade, essa indústria foi protegida desde o início. A proteção era correta, tanto é verdade que o país teve um sucesso enorme, ainda que ela tivesse bons lucros como continua tendo.
Falta competição
“O correto seria submeter as empresas a um processo de competição, obviamente você tem uma capacidade muito superior à aquela que você pode consumir internamente e exportar.
“O Brasil detesta competição, só finge que compete, não há um setor no Brasil que seja autenticamente competitivo e isso significa que tem gente se apropriando de recursos.
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