Macacão, capacete e pé na tábua. O repórter vira piloto por um dia
Os preparadores do HB20 de competição dizem que o carro ”não mudou nada”, que é o mesmo HB20 que o consumidor encontra nas concessionárias. Mas as poucas adaptações feitas para ele enfrentar as pistas transformam o Hyundai HB20 num carro de competição: o motor ganhou mais potência, 156 cavalos (contra 128 do modelo original), a suspensão foi rebaixada e o interior depenado: sem bancos, sem forrações, deixando o carro 50 quilos mais leve. Parece pouco, mas ao acelerar na pista você vai perceber que ele se transformou em um autêntico carro de corrida.
Pra começar, ao entrar no carro você sente a diferença. Na verdade você não entra; você “veste” o carro: encaixa a bunda no banco apertado e é atado ao cinto de segurança de oito pontos, não sem antes retirar o volante, caso contrário é impossível driblar os tubos do santantonio para entrar no carro. Balaclava, capacete e pau na máquina! Enfia o pé no acelerador para manter o giro bem alto, caso contrário o carro morre.
Não tem nada a ver com um carro de rua. A direção é dura, o freio é duro, mas a sensação de acelerar um carro de corrida é enorme. Depois de uma aulinha teórica e duas voltinhas ao lado do piloto, estou pronto para dar a largada. E não é que toda aquela parafernália – macacão, capacete e equipamentos – emponderam a gente? Ainda mais com o piloto instigando você a sentar o pé na tábua.
A primeira volta é para conhecer a pista, saber como fazer uso da marcha ideal em cada curva, em cada saída, até onde pode esticar a marcha na reta; qual o momento certo para frear antes da curva. Na segunda volta a gente já se sente um piloto, abusando da velocidade, acelerando ao máximo para diminuir o tempo do circuito. Pena que a brincadeira é só de algumas voltas no Velopark, um circuito pequeno, de apenas 2.278 metros, mas que provoca muita adrenalina.
Este é o primeiro ano da Copa HB20, que tem a coordenação de Daniel Kelemen, idealizador e diretor da empresa que administra a competição. O objetivo de Daniel, que também é piloto, é usar a Copa HB20 para oferecer uma oportunidade para pilotos que estão sem atividade, além de descobrir novos talentos.
Mesmo antes de completar um ano (a última etapa de 2019 será dia 8 de dezembro, em Interlagos), Daniel já comemora o sucesso e credita isso, entre outras coisas, ao formato diferente do projeto, onde os pilotos têm uma estrutura oferecida pela própria organizadora, que se responsabiliza por tudo: carro, transporte, mecânicos, preparadores, seguro, carro reserva etc.
“O piloto pega o avião, chega no autódromo e vem acelerar. Só trás o capacete”, explicou Daniel. Tudo ao custo de R$ 180 mil por todo o campeonato, que compreende 16 corridas em oito autódromos.
Alexandre Rheinlander, o responsável pela preparação dos motores, explica que o carro é o mesmo HB20 de rua, com mudanças mínimas para adaptá-lo às pistas, como alterações na injeção eletrônica, no escapamento, na parte de baixo do carro para aguentar o tranco das corridas, além do aumento da potência e do rebaixamento/reforço da suspensão, para dar estabilidade ao carro.
Líder depois de seis etapas, o piloto Raphael Abatte é um dos pilotos experientes que abraçaram a Copa HB20, ele que já correu na Fórmula Ford, na Fórmula 3 e tem experiência em autódromos dos Estados Unidos e Europa.
Veja a classificação: