Ligia Roséli, dona de um Uno Vivaci 2011, saiu à procura de um carro; queria trocar o Uno por um mais novo. Encontrou um Ecosport 2013 numa loja de usados por R$ 40 mil.
Como o seu Uno é cotado a R$ 22,5 mil, teria que voltar R$ 17,5 mil, um negócio razoável: teria um carro maior e dois anos mais novo.
Triste foi a oferta que ela recebeu pelo seu carro, na troca: o vendedor mandou R$ 12 mil pelo Uno que ela pagou R$ 22,5 mil há apenas seis meses e que está cotado a R$ 22 mil nas tabelas de referência do mercado.
Segundo Lígia, o Uno está impecável, com 40 mil quilômetros rodados (o normal para um carro de sete anos de uso é 80, 90 mil km).
Essa desfeita é uma das facetas do Lucro Brasil, cultura que prega o lucro a qualquer custo, buscando o ganho rápido e desenfreado. O sujeito aposta na falta de informação do comprador: chuta alto, se colar, colou.
No mercado de usados é assim: quando você vai comprar, o carro é o melhor do mundo; quando vai vender, ele não vale nada: não tem equipamento, a versão é pouco procurada, a cor é ruim… eles inventam de tudo para depreciar o seu patrimônio.
Os vendedores alegam que precisam pagar menos para terem uma margem de lucro na revenda. É compreensível: se você tiver que vender o seu carro rápido, numa loja ou numa concessionária, terá que aceitar uma oferta abaixo da cotação de mercado.
Mas desvalorizar tanto assim o seu bem não é aceitável.
O melhor é ter um pouco de paciência, anunciar o carro nos classificados e de preferência vender para um particular, onde não há margem de lucro e o negócio fica bom para os dois lados.