Quem não se lembra das saudosas máquinas que circulavam, nos anos 70, equipadas com ruidosos motores a dois tempos? A geração mais antiga de motociclistas com certeza se recorda de algumas pérolas daquela época, que trafegavam nas ruas e estradas fazendo um ruído caracteristicamente esportivo e soltando muita fumaça pelos escapes.
Eram motos japonesas, em sua grande maioria. E tinham três marcas principais que mais se popularizaram entre as dois tempos – as Yamaha, as Suzuki e as Kawasaki. Entre aquelas belezas, algumas marcaram época. E criaram fama por serem muito rápidas, inconstantes e, sobretudo, perigosas.
Muito rápidas, elas não contavam com o freio a motor, recurso presente nos motores a quatro tempos. Uma das mais famosas foi a Yamaha RD 350, que ganhou o carinhoso e mórbido apelido de ‘viúva negra’ (veja na foto). Segundo comentou a este repórter nos anos 80 o já falecido piloto, mecânico, preparador e campeão mundial, Massaharu Tanigawa, as Yamaha RD 350 R vendidas ao público eram as TZ 350 que corriam nas pistas – apenas mais “amansadas”.
Basicamente, o motor a dois tempos é um tipo de motor de combustão interna de mecanismo simples. Nele, ocorre um ciclo de admissão, compressão, expansão e exaustão de gases a cada volta do eixo. Diferente dos motores de quatro tempos, as etapas de funcionamento não ocorrem de forma bem demarcada, havendo admissão e exaustão de gases simultaneamente, por exemplo.
Um tempo de funcionamento do motor é o percurso do ponto morto inferior ao ponto morto superior da trajetória do pistão. Assim, um tempo equivale a meia volta do eixo de manivelas. No caso, chama-se o primeiro tempo de compressão e admissão, e o segundo, de escape e transferência de calor.
Em termos tecnológicos, há dois extremos. Os motores a dois tempos deixaram de equipar as motocicletas. Atualmente, existem os motores de pequeno porte, que equipam motosserras, algumas raras motos – especialmente usadas no off-road – aeromodelos e pequenos geradores elétricos.
Marcelo Bartholomei ([email protected])