Marca tem os piores índices de qualidade dos EUA; Na China, o seu irmão gêmeo custa 40% menos

O amigo que leu maravilhas sobre o novo Volvo EX30 deve estar se perguntando como pode, de repente, um automóvel ter todas as qualidades do mundo e, o mais espantoso, por um preço competitivo – digamos assim. O fato é que para além das cópias do ‘press release’ do fabricante (que dita 85% do conteúdo dos textos que se lê por aí, com seus termos técnicos e adjetivos) e da papagaiada habitual dos vídeos que repetem as palavras dos executivos e assessores das montadoras a troco de “biscoitos”, há pelo menos cinco verdades sobre o lançamento que o você precisa saber e a primeira é que não se trata, exatamente, de um “puro-sangue” sueco. Ou seja, o EX30 não é, em sua essência, um Volvo como os de outrora. Na verdade, ele atende por outros três nomes: Polestar 4, Smart Jingling #1 e Zeekr X, dependendo do país onde o consumidor se encontra e do revendedor que ele escolhe. Apesar de não serem absolutamente idênticos, estes quatro modelos são variações sobre o mesmo tema e, enquanto o Polestar 4 é o maior e mais encorpado, o EX30 é o menor do quarteto – menor, inclusive, que o Smart #1.

A segunda verdade que o leitor deve saber é que o Zeekr X, o mais parecido dos quatro, visual e tecnicamente, com o lançamento nacional é maior é mais potente. São 22 cm a mais no comprimento (4,45 m, contra 4,23 m do EX30) e 10 cm a mais (2,75 m, contra 2,65 m do Volvo), na distância entre-eixos). Atrás da Grande Muralha, o “SEV” é ofertado com a mesma motorização elétrica de 272 cv do EX30, mas só para suas versões de entrada, porque nas mais sofisticadas a potência sobe para 420 cv. Já a terceira verdade diz respeito ao preço e, neste quesito, o irmão gêmeo do novo Volvo leva vantagem ainda maior, afinal, mesmo que o EX30 seja alardeado como uma “pechincha” pelos Louros Josés brasileiros, seu irmão gêmeo custa, no coração do comunismo, menos de R$ 130 mil. Portanto, além de ser mais qualificado, o Zeekr X chega a ser 40% mais barato – deve ser para subsidiar o trabalhador chinese que, todos sabem, é mão de obra escrava.

A quarta verdade revela a ascendência do novo Volvo que, ao contrário da imagem nórdica e da ancestralidade viking que sua marca pode sugerir, é um legítimo automóvel “made in China”. Ele é produzido na fábrica da Geely (dona da Volvo, para quem não sabe) de Chengdu, capital da Província de Sichuan, onde divide a linha de produção com o irmão Zeekr K. Pouca gente conhece ou já ouviu falar em Chengdu, mas se pudéssemos transportá-la da Ásia para o Brasil, ela aterraria por aqui como a terceira maior cidade do país, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Vamos, agora, à quinta verdade, mas, antes de revelá-la, é importante destrincharmos um aspecto muito importante na compra de um zero-quilômetro, que são a motivação por trás da sua escolha.

Últimas posições
A compra de um automóvel é uma decisão de viés personalíssimo que, impulsionada pelo desejo de consumo do seu comprador, só encontra obstáculo na condição financeira do próprio adquirente ou nos palpites daqueles a quem ele deve algum tipo de satisfação. Em outras palavras, se o comprador tiver dinheiro ou crédito para realizar seu sonho e sua esposa, seus filhos, seus pais ou amante(s) não conseguirem demovê-lo da ideia, o zero-quilômetro se materializará na garagem, independentemente do rombo que surgirá na sua conta bancária. Ocorre que, na maioria esmagadora das vezes, a pessoa que entra num concessionário é vítima do discurso que maximiza as qualidades do modelo pretendido, ao mesmo tempo em que o vendedor omite qualquer detalhe desabonador que possa “melar” o negócio. Some a isso todo o confete que o blogueiros, youtubers e até mesmo o “jornalixo” jogam no produto que, dificilmente, o incauto escapará da “facada”.

No caso do laureadíssimo EX30, a obrigação jornalística nos leva a alertar para o fato de tanto a Polestar quanto a Volvo ficarem nos últimos lugares do Estudo norte-americano de Qualidade Incial (IQS), da J. D. Power, que é a maior referência global neste tipo de análise e consultoria líder no fornecimento de dados avançados que subsidiam o setor automotivo. Os modelos da Polestar apresentaram 313 problemas para cada 100 unidades avaliadas (313 PP100), enquanto os da Volvo apresentaram 250 PP100. Como o próprio nome sugere, o IQS audita a qualidade inicial dos automóveis vendidos no mercado norte-americano, durante seus primeiros 90 dias de propriedade – ou seja, é um recorte dos três primeiros meses de vida de cada modelo.

A pesquisa inclui 223 itens e contabiliza eventuais problemas apresentados em nove categorias, que vão do trem de força (motor e transmissão) à climatização interna, passando pelo acabamento e pela eletrônica embarcada, entre outros. Em outras palavras, a compra de um Volvo 0 km, nos Estados Unidos, na virada de 2022 para este ano, levou os donos de cada modelo ao revendedor ou o próprio automóvel para a oficina, muitas vezes guinchado, por pelo menos 2,5 três vezes só nos primeiros três meses de uso – é fundamental lembrar e relembrar. O consumo médio de eletricidade é equivalente a 52 km/l num veículo equipado com motor a combustão, o que é um atributo acalentador, mas o valor do seguro não será baixo e deve ficar na casa dos R$ 8 mil anuais (com base nos contratos da Zurich), com franquia na casa dos R$ 50 mil.