Partindo de o equivalente a R$ 90 mil, carro da Geely consome (de eletricidade) o equivalente a 74 km/l
Eleito a Melhor compra de 2024 entre os SUVs compactos, na Europa, o BYD Atto 3 acaba de ganhar um concorrente à altura. Trata-se do novíssimo Geely Galaxy E5, que fez sua estreia há uma semana, na China, de onde partirá para conquistar o Velho Continente e, quiçá, o Novo Mundo. Mesmo sem uma confirmação oficial, é grande a expectativa pelo desembarque do novo SEV por aqui, em 2025, o que aumenta a curiosidade sobre um modelo que supera o trio dos mais vendidos da classe, no mercado nacional, em tudo. Maior, mais moderno e bem equipado, além de infinitamente mais econômico, o Galaxy E5 tem atributos de sobra para acelerar a virada da eletromobilidade da Terra de Vera Cruz e aumentar a fatia dos EVs, hoje em 3%, no bolo de carros de passeio e comerciais leves. “Estamos lançando um produto global, que nasce em conformidade com os requisitos regulatórios de 89 países”, disse o presidente-executivo (CEO) da companhia, Jerry Gan, durante a apresentação oficial.
Comparado ao líder brasileiro da categoria, o Volkswagen T-Cross, o novo Galaxy E5 é 40 cm maior (4,61 m de comprimento), 15 cm mais largo (1,90 m de largura) e 10 cm mais alto (1,67 m de altura), levando ainda uma vantagem de 10 cm na distância entre-eixos – de 2,75 m.
Como o leitor pode ver, são medidas mais próximas às do Tiguan Allspace (que parte de R$ 284 mil) do que, propriamente, ao modelito do T-Cross. Com 1.615 kg, o novo SEV da Geely é 310 kg mais pesado que o SUV da Volks, mas seu tempo de aceleração é menor: 0 a 100 km/h em 6,9 s (contra 8,6 s, da versão Highline 1.4 TSI, do VW). Aqui, apesar de o Galaxy E5 ser mais rápido, o T-Cross é mais veloz, com máxima de 202 km/h (contra 180 km/h do Geely).
Indo diretamente ao que interessa, o lançamento chinês pulveriza o modelo da Volkswagen, no capítulo eficiência. Equipado com uma nova geração de baterias LFP (fosfato de ferro-lítio), denominada Aegis Short Blade, capaz de rodar um milhão de quilômetros ao longo de 50 anos, o Galaxy E5 também promete as maiores velocidades de carregamento de sua classe. Na ponta do lápis, seu consumo de eletricidade (11,9 kWh/100 km) equivale a 74,6 km/l, média de cinco a nove vezes superior à do T-Cross 1.4 TSI. Fazendo uma conta simples, a partir do custo de R$ 0,52 para o quilômetro rodado com VW (no SEV chinês, o quilômetro rodado sai por R$ 0,08), só o gasto do feli” proprietário do SUV nacional com gasolina, em 170 mil quilômetros, equivale ao preço de um Galaxy E5 zero-quilômetro.
Eficiência: mais de 90%
Nova referência do segmento, o Galaxy E5 traz primazias como a integração do pacote de baterias à estrutura (CTB), o que garante uma distribuição de carga de 50:50 para cada eixo, aumentando a rigidez torcional e rebaixando o centro de gravidade, o que se traduz em um comportamento dinâmico superior. O sistema 11-in-1 também garante uma eficiência (em relação ao consumo de eletricidade) de mais de 90% para o “SEV” – pela primeira vez neste segmento – e uma gestão também mais eficiente dos recursos avançados de segurança que incluem frenagem automática de emergência (AEB), aviso de saída de faixa (LDW), piloto automático adaptativo (ACC), monitoramento de ponto cego (BSM) e alerta de tráfego cruzado traseiro (RCTA).
No interior do Galaxy E5, sobressai a grande tela central flutuante, o painel de instrumentos digital e o head-up display (HUD). O sistema operacional Flyme Auto, da Meizu, tem mais funções que o AndroidAuto e o CarPlay, além de recursos mais intuitivos – as versões topo de linha trazem até 16 alto-falantes (incluindo nos encostos de cabeça). Em termos de design, o destaque vai para as maçanetas ocultas que prometem maior confiabilidade, mesmo em condições extremas – a Geely planeja, inclusive, compartilhar essa tecnologia com outros fabricantes.
Em termos de alcance, o lançamento pode rodar 440 ou até 530 quilômetros sem necessidade de recarga das baterias, dependendo da versão – no T-Cross 1.4 TSI, a autonomia varia de 397 a até 686 km, dependendo do ciclo e do combustível usado. A recarga parcial do pacote, de 30% a 80% da capacidade, leva apenas 20 minutos.
Já em termos de preço, o novo SEV da Geely parte de o equivalente a R$ 90 mil (112.800 yuans),na China. O preço básico que beira o inacreditável, frente os salgados R$ R$ 180 mil do T-Cross (na versão Highline 1.4 TSI), revela que o comunismo chinês supera o neocolonialismo brasileiro não apenas em engenharia, mas, também, em economia, dando um nó na cabeça dos liberais tupiniquins. No geral, o novo Galaxy E5 chega nos revendedores chineses com um novo conceito construtivo, mais tecnologia, eficiência e conveniência que os modelos térmicos ofertados no Brasil. É como se pagássemos o dobro do preço de um televisor QLED de 70 polegadas por um aparelho de tubo de imagem (CRT) e 39 polegadas. O brasileiro precisa, mesmo, ser estudado…