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“Esta é uma decisão histórica e estamos muito satisfeitos que o mundo passará a cortar o venenoso combustível sulfúrico em 2020”.

A manifestação de Bill Hemmings, diretor de transporte da ONG Transport & Environment, resume bem o entusiasmo com que foi recebida a conformação, nesta quinta-feira, 27, do ano de 2020 como data de início da limitação do teor de enxofre dos combustíveis usados no transporte marítimo, medida que vai reduzir efetivamente a poluição atmosférica nas regiões de concentração de navios, como as áreas costeiras.

O anúncio foi feito pela Organização Marítima Internacional (IMO), entidade das Nações Unidas responsável pela navegação comercial internacional e a decisão reduz de 5% para 1,5% a participação das emissões dos navios na poluição do ar em todo o mundo, medida que salvará milhões de vidas nas próximas décadas.

O combustível para navios é óleo combustível pesado, conhecido também como óleo combustível residual e derivado do petróleo tendo em sua composição compostos de carbono e hidrogênio, enxofre, compostos de metais como sódio, ferro, níquel, entre outros elementos.

O corte da quantidade de enxofre no combustível naval foi aprovado pela primeira vez em 2008, mas a implantação da medida estava condicionada aos resultados de um estudo para determinar a disponibilidade de combustível abaixo do teor de enxofre de 0,5% em quantidades suficientes até 2020. A análise atual mostra que haverá combustível limpo suficiente disponível em 2020.

“A poluição do ar, incluindo aquela que é gerada pelo transporte marítimo, é um flagelo ao meio ambiente e à saúde. O mundo esperou muito tempo para que a indústria de transporte avançasse para um combustível mais limpo. Esse momento chegou. Combustíveis mais limpos serão uma realidade jurídica em 2020. Milhares de mortes prematuras serão evitadas e milhões de pessoas em todo o mundo serão agora capazes de respirar melhor, literalmente falando”, disse John Maggs, da ONG Seas at Risk.

O teor de enxofre nos combustíveis dos veículos automotores vem caindo há 15 anos, mas só agora o Brasil atingiu padrões internacionais. Em 2009, a gasolina tinha 500 miligramas de enxofre por quilo (ou 500 ppm, partes por milhão de enxofre). Em 2013, passou a ter 200 miligramas por quilo. E desde janeiro de 2014 o teor de enxofre é de no máximo 50 miligramas por quilo, 50 ppm. Por isso ela tem o nome de gasolina S-50, que reduz a emissão de gases poluentes na atmosfera. O diesel consumido no Brasil tem apenas 10ppm desde janeiro de 2013.