Fabricantes reclamam do imposto, mas não sabem qual o impacto no preço do carro

A indústria automobilística registrou a maior produção desde novembro de 2020 e teve a maior venda diária no ano. Foram produzidos 219 mil veículos automotores, incluídos carros, comerciais leves, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas.

O número nos sete primeiros meses do ano é praticamente o mesmo e janeiro-julho do ano passado: foram 1.310.600 unidades, 0,2% a menos.

Em junho foram produzidos 203,6 mil veículos, crescimento de 7,5% sobre junho e de 33,4% sobre julho de 2021 (164,2 mil unidades).
Mas não são resultados muito diferentes dos registrados nos meses anteriores, ou seja, o setor está em compasso de espera ainda sem condições produzir toda a capacidade por falta de semicondutores, em quanto a demanda continua alta.

Na verdade, a venda para o consumidor final é menor ainda, pois aumenta a cada mês as chamadas vendas diretas, aquelas feitas da fábrica para frotistas.

Se consideramos as vendas a prazo, o cerco se fecha ainda mais. O número de consumidores que usaram financiamento para adquirir seu carro zero nunca foi tão baixo e trata-se de um fenômeno ocorrido neste ano. Em 2021, as vendas à vista representaram 20% do total, enquanto os demais 80% das vendas eram realizadas com parte do pagamento financiado. Hoje essa situação se inverteu: 65% são vendas à vista e apenas 35% a prazo.

Exposto o problema, Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, entrou no mantra dos fabricantes: a crítica aos impostos incidentes sobre veículos automotores.

Deu como exemplo a cobrança de IOF na emissão da nota fiscal da montadora para a concessionária e novamente da concessionária para o consumidor final, além da operação de seguro.

O presidente da Anfavea disse também que esteve com o ministro da Economia solicitando no incentivo ao crédito, argumentando que em todo o mundo o caro né financiado, que é preciso ter um vigoroso incentivo de vendas a prazo para as vendas cresceram

“Se quiser crescer, é preciso ter acesso ao crédito”, enfatizou. “Se não há crédito disponível, o carro passa ser produto de quem tem disponibilidade de caixa, afasta o consumidor de classe média”, disse o dirigente, argumentando que essa situação afeta o volume de vendas, o emprego e a economia como um todo.

Marcio Lima Leite, no entanto, se esquivou de responder sobre o impacto que uma eventual eliminação do IOF em uma das fases da cadeia poderia provocar no preço final do carro.

“Não sei responder qual seria o impacto; toda vez que se fala em preço, tenho o máximo de cuidado para responder, porque cada montadora tem uma política de preço. O impacto, portanto, depende de cada montadora”, disse ele, lembrando que o governo arrecada R$ 100 milhões por mês de IOF com vendas de veículos novos.

Eu só queria saber se o fim do IOF na compra de, por exemplo, um veículo como a picape Gladiador, lançada ontem por R$ 520 mil, poderia significar uma mudança significativa no poder de compra do consumidor.