congestionamento SPO Brasil desperdiça no trânsito R$ 300 bilhões por ano, ou 7,30% do PIB em tempo que poderiam ser convertidos em horas de trabalho. Na média, o trabalhador perde 82 minutos por dia no trânsito (dados das nove principais regiões metropolitanas do Brasil).

Mais do que nunca, a sociedade discute a questão da mobilidade urbana com o objetivo de encontrar soluções para minimizar o problema. Muitas alternativas estão sendo discutidas, como a redução da velocidade máxima, como a implementada em São Paulo, que já provocou o aumento de velocidade média.

A conectividade é outra ferramenta importante para uma mobilidade mais amigável. Segundo o engenheiro Raul Colcher, do Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos, a conectividade traz soluções que resolvem ou minimizam problemas urbanos, fornece informações no celular que ajudam no deslocamento, conecta o Waze, onde os usuários trocam informações sobre o trânsito e reduz o tempo das viagens.

Os sistemas de transportes inteligentes permitem um grande número de aplicações e os carros autônomos estão chegando para reduzir distâncias, economizar combustível e reduzir emissões, além de garantir total segurança e conforto ao usuário.

O transporte coletivo é, talvez, a maior garantia de um futuro menos trágico no trânsito urbano. Cidades como Nova York já provaram que a abundante oferta de transporte coletivo e a mobilidade, estimulam o motorista a deixar o carro e casa, usando-o de forma mais parcimoniosa, em ocasiões especiais, utilizando o transporte público no dia a dia, que é mais rápido, mais barato e mais eficiente.

Como você vê, as alternativas para um trânsito mais amigável são muitas. A indústria e os gestores públicos investem muito dinheiro em novas tecnologias, oferecendo mais alternativas de mobilidade para o cidadão.

Mas antes de buscar soluções para amenizar o sofrimento nos deslocamentos urbanos, não seria o caso de discutir a NECESSIDADE desses deslocamentos? Não seria o caso de reduzir o número de deslocamentos?

Célia Maria, empregada doméstica, leva três horas para se deslocar de Itaquera, na Zona Leste, para o Ibirapuera. Um morador no bairro de Parelheiros que trabalha no centro de São Paulo tem que rodar 75 km por dia, perdendo tempo e dinheiro que poderia usufruir com sua família e amigos. A expulsão dos trabalhadores menos qualificados para a periferia gera esse problema.

O plano Diretor das cidades deve levar em conta essas questões, criar bairros populares e incentivar a instalação de empresas, com a criação de empregos nos bairros mais afastados, mantendo o trabalhador na sua própria região, e assim evitando deslocamentos longos e desnecessários.

Por incrível que possa parecer, uma decisão na área da educação poderia proporcionar uma redução extraordinária nos deslocamentos no dia a dia nos grandes centros urbanos. Observe que nas férias escolares o trânsito da cidade fica tranquilo, o que mostra que grande parte das viagens é destinada ao transporte de crianças, adolescentes e jovens para a escola.

Se no ensino universitário as opções nem sempre estão no bairro ou na região (às vezes estão até fora da cidade), no ensino primário e secundário, não há motivos (ou não deveria haver) para você atravessar a cidade para levar seu filho na escola.

Muita gente faz isso porque procura uma opção de melhor qualidade, mas se o ensino público tivesse um bom padrão, não haveria motivo para tanto deslocamento. Imagine a redução de gasto com combustíveis, emissão de poluentes e estresse?

Os números do CET revelam que o trânsito de São Paulo cairia pela metade, em determinados períodos do dia, se não houvesse deslocamentos para o transporte de estudantes. Segundo o órgão responsável pelo trânsito da cidade, o congestionamento no período da manhã caiu 50% durante as férias escolares. A média de quilômetros de congestionamento às 7 horas da manhã em 2015 foi de 47km. Nas férias escolares esse número caiu para 16km. No restante do dia as diferenças são menores, mas mesmo assim, no período de férias o trânsito é bem mais livre.

Veja no quadro e no gráfico a diferença de volume de congestionamento no período escolar e no período de férias:

PICO MANHÃ  (-50%)

07:00 07:30 08:00 08:30 09:00 09:30 10:00
Média 2015 47 65 79 88 93 91 82
Limite Inferior 31 45 60 68 75 75 65
Limite Superior 59 79 91 99 104 104 94
Férias Escolares 2014/2015 16 24 34 43 53 55 48
  ENTRE PICO  (-42%)
10:30 11:00 11:30 12:00 12:30 13:00 13:30 14:00 14:30 15:00 15:30 16:00 16:30
Média 2015 77 71 63 50 44 39 36 37 37 40 45 57 68
Limite Inferior 60 55 45 34 30 24 22 23 23 23 25 32 41
Limite Superior 88 83 74 61 55 48 43 45 46 50 56 73 87
Férias Escolares 2014/2015 43 37 33 27 26 25 23 22 23 25 27 34 40
  PICO TARDE (-27%)
17:00 17:30 18:00 18:30 19:00 19:30 20:00
Média 2015 87 94 102 109 112 102 75
Limite Inferior 58 62 72 80 84 75 47
Limite Superior 107 114 123 129 132 122 92
Férias Escolares 2014/2015 55 60 70 82 93 84 55

Gráfico trânsito_escolar_2015