– O professor Luiz Carlos Melo diz que o país está recebendo investimentos bilionários e incrementando a estrutura logística
O governo mexicano e a indústria automobilística do país se preparam para ser o segundo maior exportador de carros do mundo.
O coordenador de Portos e da Marinha Mercante do México, Guillermo Ruiz de Teresa, disse à Agência Flash de Motor que o país projeta uma produção de cinco milhões de veículos, dos quais mais de três milhões serão exportados e essa cifra deve ser alcançada em 2020, isto é, em cinco anos. O México é hoje o quarto exportador.
Para isso, segundo Guillermo, é necessário ter opções de operações em todos os portos. Nissan, Ford e Chrysler usam o porto de Manzanillo em suas operações para exportação para os Estados Unidos.
Hoje o México não tem infra-estrutura suficiente para atender a demanda prevista para 2020, mas o governo está fazendo o necessário tanto em portos como em rodovias e ferrovias para que o objetivo de fazer do país o segundo exportador mundial seja atendido.
Luiz Carlos Melo, ex-presidente da Ford Brasil e diretor do Centro de Estudos Automotivos, fez uma análise detalhada das possibilidades do México se tornar um dos maiores centro de produção de carro do mundo e de sua característica como exportador.
Melo destaca que o país está recebendo investimentos bilionários no setor automobilístico – as estimativas falam em US$ 23 bilhões – e que já é um grande exportador apesar da frágil estrutura local de portos e outros meios de desova da produção.
Veja a sua análise sobre o México exportador:
“Entre os grandes exportadores da cadeia de montadoras operando no País, a Nissan, tem ali sua base de maior expressão no mundo, com o volume recorde de 538.972 unidades em 2014, crescendo 20% sobre 2013. No mesmo caminho de importância, em sua estratégia de exportação, avança a também japonesa Mazda, que acabou de abrir sua maior planta para exportação no México.
Embora a formulação de uma política de exportação, para qualquer desses fabricantes globais, vá além da existência de portos em países com avenidas marítimas apontadas para a direita e esquerda do mundo, o fato é que lhes é mais definidor e estratégico a integração ampla desses ambientes com o fluxo de comércio mundial. O México não está impedido pelas regras do Nafta de revolver o mapa mundi na busca dessas oportunidades, como estamos por aqui, atrelados que somos ao destino irreversível do Mercosul.
Ainda que esses movimentos de expansão de comércio automotivo dependam, tanto quanto aqui, dos humores decisórios de suas matrizes, é óbvio que a linha de continuidade geográfica com os Estados Unidos e, pelo Nafta, com o Canadá, faz do México uma combinação ótima de custos e potencial de mercado que o seleciona antes como oportunidade do que ameaça.
Falar da Alca, que nossa obtusidade fez naufragar, é chorar sobre leite derramado cujos odores acres nos negamos sequer a eliminar através de uma boa lavagem e, portanto, seria desnecessário não fosse até irritantemente cansativo.
Enquanto isso, a Nissan e a Honda no Brasil se movimentam cada vez com mais entusiasmo e independentemente de terem ou não plantas rigorosamente dentro dos nossos diversos corredores de exportação marítimos (Suape, Tubarão, Camacari, Rio Grande, Itajaí, Paranaguá, Rio e Santos), certamente olhariam o abastecimento de mercados europeus e africanos (por enquanto apenas periféricos) com olhos menos mexicanos que agora…ou não?”