Que estrada foi essa?
Dia 6
Trajeto: Santa Cruz (BOL) – Samaipata – Aiquile (BOL)
Distância: 347 km
Dia começou com o aconchego de uma concessionária Honda, passou por um sítio arqueológico pré-incaico, cruzou uma estrada sem noção e terminou a 5°C
Após um dia longe, as duas Honda X-ADV pilotadas por Líbera Costabeber e Marcelo Leite chegaram intactas, imponentes, sujas e chamando a atenção no trânsito de Santa Cruz de la Sierra. Apesar de acelerarem no ritmo dos WR-V, as scooters precisam parar mais vezes para abastecer, já que o tanque delas é menor.
Além do mais, por uma questão de segurança, Líbera e Marcelo evitam ao máximo invadir a noite pilotando – ainda mais na Bolívia, por não conhecerem a estrada. Ontem, a dupla foi ainda atrapalhada pelo vento na estrada. “Não era um vento constante, mas rajadas que mudavam de direção”, contou Marcelo. “Sem falar no frio”, completou Líbera. Por essas, as X-ADV não estão sempre na caravana.
Pela manhã fomos recebidos na concessionária Honda Autobol. Clientes, funcionários, jornalistas e os tais influenciadores digitais ouviram Amyr Klink, Flávia Vitorino e Joel Leite contarem sobre os primeiros dias da viagem.
Demos uma volta com as X-ADV pelas ruas estreitas de Santa Cruz, centro financeiro da Bolívia. A cidade nada tem a ver com a Bolívia das fotos e do imaginário alimentado com cholas coloridas e lhamas mal-humoradas. É uma cidade gigante que se esparrama horizontalmente ainda nas terras baixas do país.
Com quase nenhum prédio alto, construções antigas pouco conservadas, carros caindo aos pedaços e um trânsito movido a buzina e cheiro de diesel, não parece acolhedora para um forasteiro de primeira viagem sem tempo para ir além da superfície. Ainda mais quando se chega à noite, com fome e debaixo de uma ventania de balançar árvores.
Antes de sairmos de Santa Cruz, vale um registro sobre a dificuldade de abastecer os veículos na Bolívia. Para começar, o preço do litro da gasolina para estrangeiros é mais do que o dobro do que o marcado na bomba. Sobe de 3,5 para mais de 8 bolivianos, cerca de R$ 4,50. Haveria uma maneira de driblar legalmente esse ágio – em uma loja perto da fronteira, nos ofereceram um ticket por 20 bolivianos que permitiria abastecimentos pelo preço normal em um determinado raio. Mas não sentimos firmeza na proposta e não levamos. A situação complica porque muitos postos não conseguem alterar o preço na bomba e simplesmente se negam a abastecer. Some a isso o fato de a maioria dos postos não aceitarem cartão de crédito.Na saída de Santa cruz, conseguimos encher o tanque apenas na quarta tentativa, e isso roubou mais de uma hora do nosso tempo.
Tanque cheio, pneus calibrados, vidros limpos, seguimos para Samaipata. Cidadezinha singela com 10 mil habitantes a 1.650 metros de altitude (começou a subida dos Andes), com um mercado municipal vibrante (para os padrões locais) e base para conhecer El Fuerte, um sítio arqueológico pré-incaico declarado patrimônio mundial pela Unesco.
A maior atração aqui é uma pedra de 100 metros de comprimento com desenhos doidos e que, segundo teorias conflitantes, pode ter sido local de cerimônia religiosas de adoração a serpentes e jaguares, um forte de defesa, um local para lavar ouro e, claro, uma pista de pouso espaçonaves extraterrestres.
A noite cai. E a estrada de Samaipata a Aiquile, nosso destino do dia, é longa. Longa e dura. Sinuosa. Difícil. Está em obras. Tem trechos perfeitos e trechos lunáticos. A sinalização das obras e dos desvios é uma vergonha. Do nada, montes de terra, pedras soltas e barris surgem do nada depois de curvas fechadas. O WR-V vai que vai. À vontade, estável, forte. Aguenta o tranco numa boa. Passa conforto e segurança. Chegamos em Aiquile. Meia-noite. Tudo fechado. A cidade, destruída por um terremoto em 1998 e célebre por sua produção de charangos, está completamente deserta. Frio demais. 5 graus.
Veja como foi o primeiro dia da viagem
Veja como foi o segundo dia da viagem
Veja como foi o terceiro dia da viagem
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Veja como foi o quinto dia da viagem
Fotos: Érico Hiller