Seis elétricos e híbridos plug-in, dentre os líderes globais, já estão disponíveis no Brasil

FOTOS/DIVULGAÇÃO Tesla, Geely e BYD com licença para uso editorial
Pouca gente sabe, mas alguns dos automóveis mais vendidos do mundo são EVs, ou seja, modelos 100% elétricos. Hoje, a participação global dos veículos de novas energias é de 25% e, com a virada da eletromobilidade, as cartas vêm sendo embaralhadas na briga pela liderança. Pena que, no Brasil, poucos desses ‘best sellers’ estão à venda, já que as transnacionais que produzem por aqui seguem com a estratégia de privilegiar carros equipados com motores a combustão interna, até como forma de manterem a rentabilidade de seu negócio num mercado onde, pelo menos até agora, não há uma legislação determinando emissões zero a partir deste ano – nos países da União Europeia, isso ocorrerá em 1º de janeiro de 2035, portanto, daqui a exatos 110 meses. De qualquer forma, é interessante para o leitor acompanhar a “danças das cadeiras”, tendo em mente que nomes e marcas que podem surpreendê-lo têm, na verdade, um lugar cativo no pódio, caso do Tesla Model Y, que fechou 2024 como segundo automóvel mais vendido do mundo, com 1,18 milhão de unidades, atrás apenas do atual campeão geral (que engloba modelos a combustão e de novas energias), o Toyota RAV4, que quase alcançou 1,19 milhão de unidades.
Apenas para o leitor ter uma ideia, os sete primeiros da tabela somaram, até setembro, um volume (2,5 milhões de unidades) equivalente à projeção para todo o mercado brasileiro neste ano. Mais impressionante, só as versões 100% elétricas destes sete líderes globais venderam, nos nove primeiros meses – portanto, excluindo o último trimestre – de 2025, o equivalente a todos os automóveis de passeio e comerciais leves que serão comercializados até 31 de dezembro, no Brasil.
“Os consumidores, juntamente com as regulamentações, o crescimento da infraestrutura de carregamento, a evolução tecnológica e o aumento na oferta de modelos, são a peça central do quebra-cabeça da eletromobilidade e seu comportamento ajuda a explicar a curva de adoção global”, pondera novo vice-presidente executivo da Sensata Technologies, consultoria de transformação e eletrificação para montadoras e fornecedores automotivos, e ex-sócio do escritório norte-americano da consultoria McKinsey & Company, Patrick Hertzke.
O que ele está dizendo é confirmado pelos números do Tesla Model Y, no resultado consolidado de 2024: apesar de ser um modelo 100% elétrico, bem mais caro que o RAV4 e de ter fechado o ano passado com queda de -3%, o Model Y vendeu 488 mil unidades a mais que outro Toyota, o Corolla (sedã) que, há até bem pouco tempo, era o número um do planeta. “Em todas as regiões do mundo, a maioria das famílias com mais de três carros e que, atualmente, possui pelo menos um EV, indica que substituirá mais um veículo a combustão por outro modelo elétrico, já na próxima aquisição. Essa descoberta contradiz o senso comum de que os EVs são usados apenas como segundo carro da família, para trajetos curtos, e que os consumidores podem manter um veículo a combustão interna para suas viagens, como ‘reserva’ na garagem”, aponta Hertzke.
Hora de acelerar
No Brasil, mesmo com uma oferta bem menor que as dos principais mercados globais, os EVs cresceram 30% em outubro, em relação ao mesmo período do ano passado. “As 7.986 unidades de modelos 100% elétricos comercializadas, só no mês passado, representam 37,4% das vendas de todos os eletrificados (híbridos convencionais, flexíveis e plug-in, além dos próprios EVs) no país”, destaca o presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e diretor de relações Institucionais Great Wall Motor (GWM), Ricardo Bastos. “Este é o momento de acelerar. Os fabricantes precisam investir e apostar no mercado brasileiro e latino-americano para os próximos anos, com uma estratégia que envolva produção local e exportação”, completou Bastos.
Se, em nível mundial, dois modelos da Tesla aparecem entre os três mais vendidos, no Brasil, é a BYD que domina o segmento, com o Dolphin Mini, seu irmão maior (o Dolphin ou Dolphin Plus), e o Yuan Pro capturando o pódio. Aqui, a boa notícia é que o brasileiro não está em descompasso com os consumidores dos principais mercados mundiais, já que a trinca chinesa também figura entre os líderes globais e que a tecnologia disponibilizada nacionalmente é a mesma ofertada na Europa e na Ásia. Por outro lado, dos 20 EVs mais vendidos do mundo, apenas seis têm presença oficial na “Terra de Vera Cruz” por meio de seus próprios fabricantes e/ou rede de distribuição autorizada. Marcas como a Wuling, a Xiaomi, a Li Auto e a Xpeng não têm escritório brasileiro, enquanto a Volkswagen não importa o ID.4 para cá.
Dentre marcas e modelos que aparecem na infografia, cabe destacar que o novo Geely EX2, que está sendo vendido no mercado brasileiro pelos concessionários Renault, é o mesmíssimo Geome Xingyuan que aparece na quarta posição da tabela dos eletrificados mais vendidos do mundo – à frente, inclusive, do Dolphin Mini. Já o vice-campeão mundial, o BYD Song/Seau U, também está disponível nos concessionários brasileiros em duas versões, Plus e Pro, mas apenas como híbrido plug-in – o Song Plus, denominado Seal U na Europa, também é ofertado com motores 100% elétricos e alcance de até 605 quilômetros sem necessidade de recarga das baterias, mas só no mercado chinês, onde ele é líder absoluto de vendas entre os SUVs.
Também vale citar que a Changan anunciou uma parceria com a CAOA, mas o compacto Lumin não foi confirmado para desembarque no Brasil e, em relação ao Chevrolet Spark, que foi o quarto mais vendido do país em outubro, entre os modelos 100% elétricos, é verdade que ele corresponde a um modelo da Wuling vendido com a submarca Baojun – no caso, ao Yep Plus. Todavia, não há correlação entre ele e os dois compactos (HongGuang Mini e Bingo) que aparecem na arte.
BEVs e PHEVs mais vendidos do mundo disponíveis no Brasil
– BYD Song (2º lugar, ofertado no Brasil em versões híbridas plug-in)
– Geely Geome Xingyuan (4º lugar, ofertado no Brasil como EX2)
– BYD Dolphin Mini (5º lugar)
– Dolphin Plus (10º)
– Yuan Plus (11º)
– Yuan Yp (13º lugar, ofertado no Brasil como Yuan Pro)
Vale ressaltar que o brasileiro não está em descompasso com os consumidores dos principais mercados mundiais, já que a tecnologia disponibilizada nacionalmente pelo quinteto chinês é a mesma da Europa e da Ásia









