Preços altos empurram o comprador de OK para os seminovos e o de usados se contenta com carros com mais de 13 anos

É curioso como o comprador de veículo usado está se comportando nesse momento de turbulência do mercado.

Os preços dos novos e dos usados passaram e ter altas expressivas a partir de 2020, quando a indústria se viu desfalcada de microprocessadores e reduziu (em alguns casos estancou) a produção. O problema persiste, o que provoca a falta de carro zero, o aumento dos preços e consequentemente a elevação dos preços também dos modelos usados.

Todos os carros usados estão caros, tanto os seminovos – modelos até três anos de uso – quanto os dos demais segmentos. Assim, as vendas de usados arrefeceram: de janeiro a outubro foram vendidos 10,8 milhões de usados no Brasil, um volume espantoso, mas mesmo assim 14,8% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado.

O curioso, a que eu me refiro, é que dois segmentos tiveram um desempenho formidável nesse ano de turbulência e falta de dinheiro no bolso do consumidor: os seminovos e os velhinhos, carros com mais de 13 anos de uso.

Qual a correspondência entre esses dois extremos do mercado? No caso dos seminovos, houve uma migração de compradores que não encontram o zero quilômetro e se contentam com um modelo com até três anos: esse segmento teve uma queda de vendas de 8,9% até outubro, lembrando que a queda do mercado total foi de 14,8%.

Os velhinhos tiveram um comportamento ainda mais animado: a queda de vendas foi de apenas 5,8%, nesse segmento que representa o maior movimento, com nada menos de 3,6 milhões de unidades transferidas nos dez primeiros meses do ano.

Fica claro que está havendo uma deterioração na capacidade de compra do consumidor, com a elite (só 1% da população pode comprar um carro OK) perdendo o poder de ter o carro novo na garagem e se deslocando para um patamar inferior. E a classe média se proletarizando: em vez de melhorar a condição de vida, comprando um carro mais novo, busca alterativa no mais baixo degrau do mercado de automóveis.
Veja o comportamento de cada segmento do mercado de usados este ano:

Vendas de usados