Novo subcompacto mira consumo de eletricidade equivalente a até 83,3 km/l; preço pode partir de R$ 60.700,00 na Europa

Renascido e, agora, 100% elétrico: por fora, não há como negar a semelhança entre o novíssimo Twingo E-Tech e o modelo que marcou época, no início dos anos 90. Com 3,78 metros de comprimento, 1,72 m de largura e 1,49 m de altura, ele é, 35 cm maior, 9 cm mais largo e 7 cm mais alto que o original, levando boa vantagem – de relevantes 15 cm – na distância entre-eixos, que foi de 2,34 m para 2,49 m – CRÉDITO – FOTOS Renault/Divulgação, com licença para uso editorial

Depois de reviver os clássicos R4 e R5, a Renault segue na onda retrô e revela o novo Twingo E-Tech, versão 100% elétrica e alinhada com o século 21, que chega ao mercado europeu no ano que vem, apostando na recuperação de um segmento, o dos subcompactos, que hoje representa apenas 5% das vendas, no Velho Continente. No modelo original, lançado mundialmente em 1992 e vendido no Brasil até 2004, o novo Twingo E-Tech buscou inspiração estilística e, no primo Zoe, experiência comercial para ser competitivo. “É, sem dúvidas, uma releitura do passado, mas na forma de um salto para o futuro”, destaca o presidente-executivo (CEO) da marca, Fabrice Ambolive. Antes de mais nada é preciso lembrar o leitor que, apesar do citadino não ser visto por aqui, há mais de 20 anos, uma segunda geração foi produzida, entre 2007 e 2014, e uma terceira, que usava a mesma plataforma dos Smart ForTwo e ForFour, foi mantida até o ano passado. Portanto, apesar de o consumidor brasileiro ter tido contato oficial só com a primeira geração do Twingo, este EV de agora corresponde, na verdade, à sua quarta geração.

Ligeralmente maior que o subcompacto ofertado por aqui, o lançamento mira o segmento de entrada e, para repetir o sucesso do passado, terá preço básico inferior a 20 mil euros – na Itália, incentivos fiscais do governo e do programa R-Pass, da própria Renault, a expectativa é que sua versão mais em conta parta de 9.900 euros (o equivalente a R$ 60.700). “Acho que o grande mérito do novo Twingo E-Tech é sua fidelidade à filosofia que fez do modelo original um ícone de criatividade há trinta anos”, avalia Cambolive. “Este lançamento pode ser muito bem resumido como um citadino simples, inteligente e divertido, que respeita o meio ambiente e que, além de muita praticidade, pode tornar os deslocamentos urbanos divertidos”, acrescentou o executivo, sem detalhar nem se e nem quando a Renault passaria a ofertá-lo em outros mercados, como a América Latina.

Vale lembrar que o pequenino Zoe, uma espécie de antecessor desta nova geração 100% elétrica, foi vendido oficialmente no Brasil entre 2018 e 2023. No ano de seu lançamento, ele tinha preço sugerido de R$ 150 mil, valor que subiu muito quando da segunda geração e que bateu nos R$ 240 mil, antes de ele ser descontinuado.

 

Dimensões e eficiência

Por fora, não há como negar a semelhança entre o novíssimo Twingo E-Tech e o modelo que marcou época, no início dos anos 90 – o desenho dos faróis é idêntico, mas os elementos ópticos agora são em full-LED. Com 3,78 metros de comprimento, 1,72 m de largura e 1,49 m de altura, ele é 35 cm maior, 9 cm mais largo e 7 cm mais alto que o original, levando boa vantagem – de relevantes 15 cm – na distância entre-eixos, que foi de 2,34 m para 2,49 m. O porta-malas também cresceu e, agora, chega a bons 360 litros (ou mais de 1.000 l com o encosto traseiro rebatido) de capacidade volumétrica. Eletrificada, a nova geração ganhou massa nestas mais de três décadas, saltando dos 790 quilos para 1.200 kg – aqui, o pacote de baterias pode ser considerado o grande vilão.

Renascido e, agora, 100% elétrico: por fora, não há como negar a semelhança entre o novíssimo Twingo E-Tech e o modelo que marcou época, no início dos anos 90. Com 3,78 metros de comprimento, 1,72 m de largura e 1,49 m de altura, ele é, 35 cm maior, 9 cm mais largo e 7 cm mais alto que o original, levando boa vantagem – de relevantes 15 cm – na distância entre-eixos, que foi de 2,34 m para 2,49 m – CRÉDITO – FOTOS Renault/Divulgação, com licença para uso editorial

De qualquer forma, o Twingo E-Tech é mais rápido que todos seus antecessores, pelo menos quando comparado às versões mais econômicas de cada uma das três gerações anteriores. No Brasil, o motor 1.0 litro 16V de 70 cv, emprestado do Clio, foi o mais potente ofertado. Com ele, o Twinguinho acelerava de 0 a 100 km/h em 14,2 s e atingia a velocidade máxima de 157 km/. Beneficiado pelo torque quase instantâneo do motor elétrico de 82 cv (60 kW), o novo E-Tech acelera mais rápido, em 12,1 s, mas tem velocidade máxima bem inferior, de apenas 130 km/h.

 

De qualquer forma, é no quesito eficiência que ele compensa esta perda, afinal, enquanto o nosso Twingo alcançava médias de 10 km/l e 16 km/l, respectivamente, para os ciclos urbano e rodoviário, a nova geração tem a meta de 10 kWh para 100 quilômetros, um consumo de eletricidade equivalente a algo entre 62,5 km/l e 83,3 km/l – lembrando que a última versão vendida no Brasil, importada do Uruguai, não era flexível e usava apenas gasolina como combustível, permitindo comparação mais fiel e  uma equivalência mais próxima. A Renault declara autonomia de 263 km para o lançamento e tempo de recarga, de 20% a 80% da capacidade das baterias (LFP), de 30 minutinhos – isso, como pacote Advanced Charge, porque, na tomada de energia convencional, este tempo sobe para quatro horas e 15 minutos.

 

Por dentro, o painel colorido e flutuante lembra o Twingo do passado, bem como do icônico botão vermelho de alerta de emergência, mas a tela dupla horizontal (painel de instrumentos de 7 polegadas e tela central de 10 pol) nem se compara com o antigo visor. Já o Openr Link com Google integrado, compatível com Android Auto e Apple CarPlay, o assistente virtual Reno com inteligência artificial, que responde a comandos de voz, bem como a frenagem automática de emergência, o assistente de permanência na faixa, o controle de cruzeiro adaptativo e o estacionamento automático fazem parte de um pacote com 24 sistemas de assistência que mostram um subcompacto em sintonia com os concorrentes chineses.

Por dentro, o painel colorido e flutuante lembra o Twinguinho do passado, bem como do icônico botão vermelho de alerta de emergência, mas a tela dupla horizontal (painel de instrumentos de 7 polegadas e tela central de 10 pol) nem se compara com o antigo visor; pacote com 24 sistemas de assistência mostram um subcompacto que não economiza tecnologia e em sintonia com os concorrentes chineses – CRÉDITO – FOTOS Renault/Divulgação, com licença para uso editorial

O consumidor brasileiro não verá o Twingo E-Tech passando pela rua tão cedo, principalmente porque o acordo local com a Geely parece ter deixado este nicho para ser explorado pela nova parceira, mas quem é vivo – e já esteve por aqui – pode aparecer numa hora dessas. De qualquer forma, é um produto visto com simpatia e que merece ser bem recebido!