Além de assinar a carta endereçada ao presidente Lula, junto com outras montadoras, no dia 15 de julho, manifestando preocupação com o futuro da indústria automotiva brasileira, a General Motors argumenta que o setor estaria sob risco com a aprovação de incentivos à importação de veículos semidesmontados (SKD) ou desmontados (CKD), pois impactaria a produção local, ameaçando empregos, inovação e a engenharia brasileira.

A montadora faz uma proposta de “concorrência em condições justas”, argumentando que está comprometida com investimentos bilionários para a geração de veículos mais sustentáveis e inovadores.
Cita o setor automotivo como um dos pilares da economia nacional, responsável por 2,5% do PIB brasileiro e 20% do PIB industrial.

A briga é contra a chinesa BYD, que inaugurou a fábrica na Bahia e quer, inicialmente, trabalhar com os sistemas CKD e SKD. É compreensível a “preocupação” na GM, pois a BYD está trazendo carros elétricos puros, modernos, com alta tecnologia, a preços competitivos com os seus carros a combustão.

A BYD argumenta que é preciso um período de montagem com peças importadas, para ajustar a produção, implantar a estrutura necessária, para posteriormente iniciar a fabricação com sistemas e peças de fornecedores brasileiros, ou melhor: de fornecedores instalados no Brasil.

Afinal, não é a primeira vez que o governo promove incentivos para a instalação de fábricas no Brasil. Todos as atuais fabricantes tiveram benefícios, isenção de impostos, facilidades logísticas, regalias, como a redução de impostos de importação sobre kits CKD/SKD.

A própria General Motors recebeu incentivos do governo brasileiro em diversos momentos. No início da indústria automobilística nacional, montava veículos com kits CKD importados dos EUA, o que permitia escapar de tarifas de importação mais pesadas, aplicadas sobre veículos completos.

Foi só no governo Juscelino Kubitschek, com a criação do Geia (Grupo Executivo da Indústria Automobilística) em 1956, que o Brasil passou a exigir índices crescentes de nacionalização, para incentivar a produção nacional de veículos.

Portando, só depois de 30 anos a GM iniciou o processo de produção local de peças e motores, mesmo assim, reduzindo gradualmente o uso do sistema CKD.

E agora, ela não quer para a BYD os mesmos benefícios de que desfrutou.