O telefone tocou! (era um dia qualquer nos anos 90)
– Alô!
A voz de uma moça perguntou
– Seu chicolelis? Me disseram que o senhor pode me ajudar
-Sim, posso ajudá-la?
– O motor do meu carro caiu no chão.
Confesso que tive vontade de rir.
– Eu sei que parece piada, mas é verdade. Adiantou-se ela.
Prendi o riso e ouvi sua história:
-Comprei um Kadett GS1 Conversível hoje, em uma concessionária aí do ABC e vim para Santos, visitar amigos. Chegando na entrada da cidade parei no semáforo, não sei se conhece aqui (Respondi que era da cidade e sabia do ponto que ele mencionou).
Ao engatar a primeira marcha e acelerar, o motor do carro caiu, contou ela.
Eu disse que aquilo era impossível.
– Eu também achava isso, mas o motor caiu no chão. E eu estou na concessionária na avenida São Francisco (em Santos).
– Posso falar com o chefe da oficina? Perguntei.
Ele atendeu o telefone e confirmou que o carro fora guinchado desde a entrada da cidade, onde o motor caíra no chão.
-Ok, posso falar com ela novamente?
Quando ela voltou ao telefone eu garanti que não seria prejudicada. Que iríamos resolver o seu problema. E que ligaria em alguns minutos com uma decisão.
Liguei para a oficina e pedi que providenciassem o envio de uma Kadett GSi para Santos. Em seguida fui à sala do vice-presidente, André Beer. Quando contei a ele, sua reação foi como a minha: era uma piada.
Falei a ele sobre minha sugestão: trocar o carro da cliente. Parando para pensar, ele me deu razão e disse que deveríamos emprestar a ela um GSi, se possível conversível também. Expliquei que não tínhamos, mas que o GSi já estava na estrada.
Voltei à minha sala, liguei para a concessionária e falei para ela: conforme havia dito, a senhora não será prejudicada. Trocaremos o seu carro, a única coisa que lhe pedimos é a paciência que teve para receber o seu, pois o processo será o mesmo, com parte do carro enviado para a Itália, onde a Bertone faz a transformação. E isso demorava, no mínimo 120 dias.
Aviei-a também que já havíamos mandando entregar um Kadett GSi, infelizmente não conversível porque não o tínhamos em nossa frota, mas que ela ficaria com ele até o seu chegar ao Brasil.
Dias depois a convidamos para almoçar na GM, sendo recebida pelo seu presidente, Mark Hogan, pelo vice, André Beer, pelo diretor de Manufatura, Stefan Bogar , pelo diretor de Engenharia, Carlos Buechler e eu.
Ela foi acompanhada pelo seu pai, que adorava o Opala e pelo irmão, fã da Caravan.