Antonio Filosa diz que é preciso pensar no problema antes da tecnologia: “com etanol, a frota brasileira é a mais limpa do mundo”
Mesmo considerando que o carro elétrico terá uma importante presença no mercado em poucos anos, onde prevê 20% de participação de 20% em 20230, o presidente da Stellantis, Antonio Filosa, aposta o etanol como o combustível mais importante para a redução das emissões de CO2 pelos veículos automotores, de preferência a combinação do combustível da cana-de-açúcar com a eletricidade.
Filosa, que tem sob seu guarda-chuva marcas como Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, entre outras, e 24% das vendas no Brasil, disse que, antes de se definir por uma tecnologia, é preciso enxergar o problema, que no caso são as emissões que causam o efeito estufa e consequentemente o aquecimento da Terra. Visto o problema é que as empresas devem escolher a(s) tecnologia(s) mais conveniente(s).
Ele considera que o parque automotivo brasileiro é o mais limpo do mundo, graças ao etanol, que, com o carro flex, é responsável por 40% do total dos combustíveis de carros de passeio, o que significa que 12 milhões de carros usariam apenas etanol do tanque de combustível.
Assim é que a Stellantis classifica o etanol como a melhor solução para reduzir as emissões. O enfoque é o elétrico + etanol e o elétrico puro.
A montadora fez um teste em parceria com a Bosch comparando os combustíveis mais utilizados hoje no mercado, com foco nas emissões. O resultado apontou que a melhor solução é a combinação do etanol com a eletricidade, ou seja, o carro híbrido a álcool.
Num percurso simulado de 240 quilômetros, o carro elétrico usando combustível europeu emitiu 30,41 kg de CO2, ou 0,13 gramas por km. O mesmo elétrico carregado com energia produzida no Brasil emitiu bem menos: 25,89kg de CO2 e o desempenho do etanol ficou entre os dois: emitiu 25,79kg. O assustador é o volume de emissão do carro à gasolina: 60,64kg, o dobro ou mais do que qualquer das demais fontes. Lembrando que a gasolina utilizada é a vendida no Brasil, ou seja, que já tem 27% de etanol na mistura.
Por que as emissões do elétrico que circula no Brasil são menores do que as do carro que roda na Europa: porque a produção da nossa energia elétrica vem de fontes limpas, principalmente hidroelétricas, e mais recentemente eólica e solar, enquanto a Europa usa fontes sujas, como o carvão, para gerar eletricidade.
TESTE – Percurso de 240,49 km | ||
Combustível | Emissões | Emissões p/Km |
Gasolina E7 | 60,64 kg de CO2 | 0,25g/km |
Elétrico 100% Europa | 30,41 kg de CO2 | 0,13g/km |
Etanol (E100) | 25,79 kg de CO2 | 0,11g/km |
Elétrico 100% | 21,45 kg de CO2 | 0,09g/km |
O objetivo da Stellantis é reduzir em 50% as emissões de CO2 pelos seus veículos até 2030, considerando com o base o que era emitido em 2015, sendo que os carros elétricos serão fundamentais para atingir esse objetivo. A descarbonização não se limita às emissões do poluente pelo escapamento dos carros, mas em toda a cadeia de construção do veículo, desde a extração da matéria prima, passando pelo seu processamento, produção de componentes, manufatura, o impacto nas concessionárias, no próprio uso do veículo, onde mais se emite, e até na reciclagem final.
A Stellantis oferece hoje nove carros eletrificados no mercado sul-americano.