Bright Consulting prevê queda de vendas nos dois próximos anos
A pandemia do coronavírus fez desabar as vendas de carros no varejo, com queda de 80% na primeira quinzena de abril e uma perspectiva nada animadora para os próximos meses. Esse quadro de incertezas fez com que a Anfavea, a associação dos fabricantes, sequer arriscasse uma previsão para este ano. Até o fim da primeira quinzena de abril a queda é de 20%.
Mas o consultor Paulo Cardamone, diretor da Bright Consulting, fez uma análise das consequências da pandemia no setor automobilístico e indica que o mercado vai demorar três anos para retomar os níveis de vendas do ano passado, quando foram vendidas 2.665.583 unidades.
A previsão do consultor é de que em 2020 as vendas não passem de 2,3 milhões de unidades (crava em 2,295 milhões), subindo para 2,547 milhões em 2021 e 2,738 milhões em 2022.
Segundo Paulo Cardamone, com o potencial sucesso das medidas de isolamento social e o achatamento da curva de contágio, espera-se um gradual relaxamento das restrições à circulação e ao trabalho não essencial, algo que ainda não se demonstrou nos números e prevê a retomada das atividades do comércio de veículos e da produção das montadoras no início de maio.
A previsão de vendas em abril é de 43 mil unidades e de 341,3 mil no segundo trimestre, o que seria uma queda de 37% em relação ao primeiro.
Paulo vê com preocupação a “aniquilação” de pequenas e médias empresas e consequentemente a postergação das compras de veículos com a descapitalização das famílias e a menor utilização de seus veículos durante o período de quarentena.
Avalia que a manutenção do Programa Emergencial de Manutenção de Emprego e Renda (MP-936/2020) permitirá que uma parcela do emprego seja protegida com demissão proporcionalmente menor que a redução dos negócios.
“Mesmo assim – avalia Cassio Pagliarini, da Bright Consulting – a queda das vendas no primeiro semestre deve acarretar uma redução de aproximadamente 10 mil empregos nas montadoras e de 20 mil posições nas autopeças. Isso sem falar na rede de distribuição: estima-se que 30% das concessionárias não consigam se sustentar por mais de 30 dias inativos sem substancial ajuda das montadoras”.