Presidente da Anfavea diz que há estoque para 140 dias e criticou a criação de crise institucional e política
Grande parte das montadoras de veículos tem estoque nos pátios das fábricas e também nas concessionárias, de forma que não precisam retomar a produção imediatamente para atender a demanda. Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, revelou na entrevista coletiva nesta sexta-feira (8/5/20) quando fez o balanço de vendas de abril, que o setor tem carros para atender a atual demanda para os próximos 140 dias.
O dirigente informou que, das 65 fábricas, de 26 montadoras, apenas oito iniciaram a retomada da produção em abril e a tendência é a retomada das demais ainda em maio e em junho. Ele alertou no entanto que algumas empresas estão retomando a fabricação para atender demandas específicas, caso contrário vão perder clientes. Moraes explicou que cada segmento tem a sua particularidade, tem uma dinâmica diferente e que o retorno está programado de acordo com as necessidades e as possibilidades de cada montadora.
As vendas caíram drasticamente – disse o dirigente – houve perda substancial nos licenciamentos, mas com a pouca produção é possível atender o mercado, sem a necessidade de retomada imediata e total das atividades.
O dirigente se esquivou de responder à pergunta sobre o eventual apoio da Anfavea à retomada da produção e o relaxamento da quarentena, proposta do presidente Bolsonaro. Também não quis comentar se a visita de empresários ao Superior Tribunal de Justiça, ontem à tarde, em Brasília (com a presença de um representante da Anfavea), pegou os representantes da indústria de surpresa.
Disse que “não entra em discussão política”, no entanto, criticou a “criação” de crises políticas, em várias áreas de administração pública, citando nominalmente o Legislativo e a Cultura.
“Todo dia tem crise, no legislativo, na Cultura, em todo lugar. Crise institucional, crise política. Os agentes estão prejudicando ainda mais a economia. Infelizmente temos pessoas que ainda não perceberam a gravidade da situação e as consequências dessa crise. Se a gente pensasse no Brasil, parte dessa crise poderia estar aliviada”, atacou Moraes. Críticas políticas, portanto.