Sergio Quintanilha e Joel Leite falam sobre a indústria e a profissão, destacando os desafios e as mudanças provocados pelo coronavírus
Em live feita na última quarta-feira (6/5/2020), os jornalistas Joel Leite e Sergio Quintanilha falaram sobre diversos assuntos que permeiam o universo do jornalismo automotivo e da indústria, com perspectivas atuais e sobre o futuro do setor no pós-pandemia.
Para Quintanilha, muitas coisas estão mudando na indústria e isso pode ser observado nas vendas, com veículos como Tracker e Renegade tomando a liderança em seus segmentos. O jornalista observa que até o fato de o HB20 ter passado o Onix por alguns dias no ranking de abril, ainda que não tenha fechado como líder, mostra uma nova preferência.
“É provável que aconteça uma mudança profunda na mentalidade das montadoras”, considerou Quintanilha, que critica ainda os preços altos e o estímulo ao consumo desnecessário feito pelas montadoras.
“Os carros têm luxos desnecessários. Nem todos precisam de roda liga-leve ou câmera de ré, mas as montadoras colocam e desperta o desejo do consumidor. As atualizações também são vendidas como grandes mudanças, quando na verdade foi um detalhe ou outro no farol e na grade frontal, por exemplo”, disse o jornalista.
Quanto ao comportamento do consumidor, Joel observou o que aconteceu na China:
“As vendas caíram de um milhão para 200 mil por mês durante a pandemia, mas no primeiro mês de respiro, o número bateu recorde: 1,4 milhão de veículos vendidos em um mês, a maioria foi de entrada. Acredita-se que, com medo de se aglomerar no transporte coletivo, muita gente optou por comprar um carro”, contou Joel.
Sergio acredita que as pessoas podem, também, preferir as bicicletas, patinetes elétricos e até motos, já que nem todas as pessoas têm dinheiro para investir em um carro.
Para manter as vendas neste período, Quintanilha acha válido que as montadoras invistam nas vendas online e em domicílio e considera que a inovação e a mudança de mentalidade vão fazer a indústria se reerguer com mais facilidade.
Quanto aos carros elétricos, Joel e Sergio observaram que os investimentos por parte das montadoras premium não devem parar, mas as que produzem carros “populares” devem pisar no freio, principalmente no cenário brasileiro, que não é motivado pela questão ambiental.
Os jornalistas falaram ainda sobre o cenário da profissão, que enfrenta desde antes da pandemia muitas mudanças de formato e plataformas. Para Sérgio, que é mestre em jornalismo e está concluindo o seu doutorado na USP, o jornalismo como um todo está tendo uma oportunidade de se reinventar durante a quarentena, já que empresta muita credibilidade à sociedade na cobertura sobre o coronavírus.
“Os jornalistas especializados são referência em seus segmentos também e têm produzido conteúdos relevantes nessa quarentena em novos formatos, como lives, vídeos para o Youtube e outras redes sociais”, disse Sérgio.
Para Joel, quando as pessoas recebem alguma informação e questionam a veracidade daquilo, ainda procuram os jornais para checar e saber o que aconteceu e este movimento pode se intensificar na pandemia.
Kalyne Rannieri