Por R$ 293,5 mil o elétrico chinês esbanja estilo, qualidade e tem autonomia de 620 km

O leitor deste espaço, que anda assustado com a feiúra dos micro EVs chineses, não tem motivos para se preocupar desta vez. É que para além dos desajeitados KiWi EV e BAW Yuanbao, que já mostramos em detalhes aqui, os engenheiros e designers de trás da Grande Muralha sabem, sim, criar automóveis modernos e que esbanjam estilo – nem que este estilo pareça exagerado para muita gente. O Denza D9, da BYD Auto, é prova disso: um monovolume portentoso, com sete lugares verdadeiros e acomodações de primeiríssima classe para pelo menos quatro de seus ocupantes, opções apenas com motorizações híbrida – são quatro opções DM-i, plug-in – ou 100% elétrica. As versões totalmente elétricas – uma delas conta com tração integral – partem de 389.800 yuanes (o equivalente a R$ 293,5 mil), uma faixa de preço em que, aqui no Brasil, se insere o Jeep Commander equipado com motor turbodiesel (TD380 4×4).

O Denza D9 EV tem autonomia de até 620 quilômetros (600 km, no modelo com tração integral), de acordo com dados da BYD, e uma potência de recarga de 166 kW. Aqui, a omissão dos tempos para recarga completa do pacote de baterias nos faz crer que, mesmo com o modo rápido, o recarregamento leve umas boas horas. De qualquer forma, a promessa é energia para percorrer 150 km adicionais, em apenas 10 minutos, e de até 80% de recarga em 30 min – pessoalmente, não acredito nisso. Suas baterias de fosfato de ferro-lítio (LFP) têm capacidade de 103 kWh.

Curiosamente, o fabricante não divulgou nem as potências de nenhum dos trens de força, nem mesmo do híbrido plug-in, que combina um motor turboalimentado de quatro cilindros (1.5 litro 16V) a uma unidade elétrica. As versões DM-i prometem 190 km de autonomia, só no modo elétrico, e um consumo médio de 16,1 km/l – nada mau para uma van com 5,25 metros de comprimento, 1,96 m de largura e 1,92 m de largura. Mesmo sendo 89 cm maior e infinitamente mais avançado que um Chevrolet Spin, o Denza D9 custa “só” o dobro do preço do modelo nacional de sete lugares e, isso, em sua versão EV – 100% elétrica!

Por dentro, o lançamento da BYD traz nada menos que sete telas, com destaque para o visor de 10,2 polegadas (onde são exibidas informações dos instrumentos) à frente do motorista e para o de 15,6 pol, no console frontal – há ainda um ‘head-up display’ e dois visores embutidos nos encostos de cabeça do condutor e do passageiro dianteiro, além de outros dois nos apoios de braços da segunda fileira de bancos. Por falar na segunda fileira de bancos, seus assentos têm nada menos que dez vias para regulagem elétrica, apoio para os pés e carregadores sem fio para smartphones. O fabricante ainda garante que ocupantes com até 1,80 m de altura não passam aperto, nem na terceira fileira, e que ainda sobra espaço no bagageiro para sete malas de mão – será?!?

O sistema One ID é capaz de reconhecer o motorista, memorizando seus ajustes personalizados, a abertura das portas traseiras é remota e as forrações são em couro ecológico (napa), mas o acabamento traz apliques de madeira – a BYD assegura que não é plástico imitando madeira, não, mas eu não apostaria meu dinheiro nisso. Para os figurões que viajam nos dois assentos individuais da segunda fileira, existem câmeras de 8 MP para videochamadas e teleconferências. Ao todo, o Denza D9 conta com nove bolsas infláveis e, para o condutor, a van oferece recursos autônomos do Nível 2+.

O maior atributo do lançamento, no entanto, está naquilo que o leitor não enxerga: o modelo é fruto de uma joint venture com o Grupo Mercedes-Benz e, mesmo que os alemães tenham reduzido sua participação no negócio de 50% para 10%, no início deste ano, sua “e-platform 3.0” deve ser usada como base pela próxima geração do EQV, que corresponde ao Classe V elétrico. Portanto, mais do que visual moderno, o Denza D9 é um automóvel que esbanja conteúdo, tecnologia e comprova a rápida qualificação da indústria automotiva chinesa que, enquanto o Brasil dorme em berço esplêndido, avança para se consolidar como referência global de eletromobilidade.