Em vez de aportuguesar, montadoras mantêm nomes estrangeiros
Nada contra batizar carro com nome estrangeiro, até porque todos eles são estrangeiros. Não existe carro brasileiro; já houve, no passado, os modelos Gurgel, com nomes bem brasileiros, como Tião e Itaipu. Mas hoje só tem carro estrangeiro no Brasil; fabricado aqui, mas nascido lá fora.
O estrangeirismo agrada o “mercado”, particularmente o inglesismo. O inglês é a língua oficial da indústria automobilística. Desafio um desavisado a entrar numa reunião com executivos da indústria automobilística e entender o que eles falam. Ou ler um release e entender pra que servem aqueles equipamentos.
Mas vamos nos restringir aos nomes dos carros.
O uso de nomes estrangeiros acaba deturpando a língua portuguesa e confundindo os seus falantes. Mais do que isso, leva os falantes a perpetuar erros de pronúncia e acentuação.
A GM faz questão que o acento tônico de Onix seja no “O”, mas não acentua a palavra. Ocorre que, na língua portuguesa, Onix leva acento gráfico, por ser uma palavra paroxítona terminada em “x”. A leitura correta da palavra Onix (assim, sem acento) é “Oníx”. Para ler com o acento tônico no “O” é preciso ter também o acento gráfico.
A Mini reclama se o jornalista coloca acento gráfico na palavra (Míni), mas se não fizer isso a pronúncia fica “Miní”. Para quem trabalha em rádio, então, a acentuação conforme a língua portuguesa é fundamental.
Mobi deveria ser lido Mobí, mas a Fiat lê Móbi e não põe acento (toda paroxítona terminada em “i” leva acento).
Isso só para falar de acentuação. Em alguns casos o som da letra muda, seguindo a pronúncia inglesa
Em Renegade, o “a” fica com som de “e”
Em Hilux, o “i” tem som de ”a”
Em Kwid, o “w” tem som de “u”
A “adaptação” é tanta que até a pontuação eles usam em inglês: a vírgula virou ponto e o ponto virou vírgula: R$ 1,000.00