Fabricantes reclamam da carga tributária, mas carro paga menos que medicamento

O presidente da Anfavea, associação de fabricantes de veículos, disse nesta quinta-feira (4/2/21) durante coletiva de balanço do setor, que a indústria de transformação, onde se inclui o setor automobilístico, é a que tem a maior tributação; é a que mais sofre também com a carga tributária indireta e custos de logística; paga mais do que os setores de serviço e agricultura. Numa palavra, a indústria de transformação seria a que “carrega o País nas costas”.

Questionado sobre o fato de que a maior parte dos carros no Brasil (98,5%) paga entre 27,1% e 29,2% de imposto (veja tabela), Luiz Carlos Moraes disse que os custos tributários dos veículos vão além dos tributos diretos, mas não contestou que o carro PAGA MENOS IMPOSTO QUE MEDICAMENTO (30%), calças jeans (38,5%), celular (39,8%) ou máquina de lavar (42,7%), conforme dados do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação.

“Esses dados confirmam o que estou falando: a indústria da transformação é a que arca com os maiores custos tributários no País”, disse, argumentando ainda que o “ticket médio” do carro é muito maior do que o de uma máquina de lavar, por exemplo. Entenda-se como ticket médio o valor médio do bem, ou seja, enquanto um carro custa R$ 100 mil (portanto recolhe R$ 29 mil de imposto) uma máquina de lavar custa R$ R$ 2 mil e recolhe “apenas” R$ 800,00.

Se isso é comparável, é preciso comparar também a margem de lucro, que tem as mesmas proporções, ou seja, lucra-se infinitamente mais num carro do que numa máquina de lavar.

Luiz Carlos Moraes contestou a tese de que a indústria seria o setor mais protegidos sem gerar as devidas contrapartidas à sociedade. Disse que, enquanto a desoneração fiscal sobre arrecadação tributária de todos os setores econômicos foi de 18% na última década o setor automotivo não representou mais do que 2% de toda a desoneração fiscal realizada pelo governo federal (redução dos impostos por conta de políticas setoriais ou regionais de estímulo à industrialização ou a investimentos em produto e desenvolvimento.

Citou como exemplo de contrapartida o investimento feito no programa Inovar-Auto (2013 a 2017), que melhorou a eficiência energética de motores de veículos. Segundo o dirigente, a desoneração de R$ 6,8 bilhões resultou em uma economia anual de R$ 7 bilhões em gasto com combustíveis nos veículos.