Artigo de Cynthia Catlett, vice-presidente da Charles River Associates no Brasil

Cynthia Catlett é VP da CRA VP no Brasil

Quando surgiu a sigla ESG, não demorou muito para que as empresas começassem a se mexer, fosse contratando consultorias para implementar ações ou dando passos internamente para serem reconhecidas como modelos nas áreas de Meio Ambiente, Social e Governança. Algumas, inclusive no Brasil, tiveram sucesso. Outros, nem tanto. Segundo especialistas, uma das principais barreiras enfrentadas pelas empresas no Brasil é a falta de recursos para implementar práticas ESG. Muitas dessas empresas não possuem orçamento ou pessoal necessário para realizar auditorias e implementar medidas de sustentabilidade, como redução de emissões de carbono ou melhoria da eficiência energética.

Sabe-se que estar em dia com os padrões de preservação ambiental, inclusão social, equidade de gênero, diversidade e governança traz uma imagem positiva para a empresa e pode trazer benefícios financeiros. Os investidores não apenas o veem com bons olhos, mas optam por investir. Não à toa, a B3 tem seu índice, semelhante aos rankings internacionais.

Os sistemas de pontuação de ESG ganharam força significativa nos últimos anos, à medida que os investidores buscam cada vez mais entender e avaliar a sustentabilidade e o impacto ético das empresas nas quais investem. No entanto, apesar de seu uso generalizado, há uma série de críticas aos atuais sistemas de pontuação ESG que devem ser abordadas para torná-los mais eficazes e precisos. O grande problema é que os atuais sistemas de pontuação ESG não são tão precisos. Não há consenso sobre como medir os componentes. Mas por que é tão complicado ter métricas precisas para medir ações ESG?

Para começar, as empresas podem ser incentivadas a se apresentar da melhor maneira possível e nem sempre fornecer informações completas ou precisas sobre seu desempenho ambiental e social. Isso pode tornar difícil para os investidores obter uma imagem clara do verdadeiro desempenho ESG de uma empresa.

Outra crítica aos atuais sistemas de pontuação ESG é que eles geralmente dependem de um número limitado de fontes de dados, o que pode resultar em uma visão estreita e incompleta do desempenho ESG de uma empresa. Isso pode ser problemático para empresas que operam em setores ou regiões com disponibilidade limitada de dados ou para empresas que não são obrigadas a divulgar determinadas informações.

Como os índices e rankings podem obter uma avaliação precisa?

Os sistemas de pontuação ESG precisam aumentar o número e a diversidade das fontes de dados usadas para melhorar a qualidade e a confiabilidade dos dados. Isso pode incluir a incorporação de dados de uma ampla variedade de fontes, como avaliações independentes de terceiros, dados do governo e dados de organizações da sociedade civil.

Além disso, há necessidade de uma melhor diversidade na curadoria de dados usados em sistemas de pontuação ESG. Atualmente, a maioria dos dados ESG é compilada e analisada por um pequeno número de grandes agências de classificação e empresas de pesquisa, o que pode resultar em falta de diversidade de perspectiva e especialização.

Atualmente, a maioria das pontuações ESG é determinada por uma única agência de classificação ou empresa de pesquisa, o que pode resultar em falta de transparência e responsabilidade. A validação descentralizada, em que várias partes independentes verificam e validam dados e pontuações, pode ajudar a aumentar a confiabilidade e a credibilidade das pontuações ESG.

Embora os sistemas de pontuação ESG tenham o potencial de fornecer informações valiosas aos investidores, existem limitações significativas nos sistemas atuais que precisam ser abordadas para torná-los mais eficazes e precisos. Aumentar o número e a diversidade das fontes de dados, melhorar a qualidade e a confiabilidade dos dados usados e implementar a validação descentralizada podem ajudar a tornar os sistemas de pontuação ESG mais robustos e confiáveis.