Imposto é a maior reclamação, mas executivos apostam na ampliação do crédito para o aumento de vendas em 2015
O ano de 2014 foi difícil para o setor automobilístico no Brasil, com queda de vendas constantes que culminou com -6,9% no acumulado do ano (carros e comerciais leves), um índice bem diferente das previsões que fabricantes e distribuidores fizeram no início do ano.
A Anfavea previa aumento de 1,1% nas vendas e a Fenabrave trabalhou com dois cenários: aumento de 0,2% e queda de 3,6%. Em todos os casos, as previsões falharam.
Quais seriam as razões dessa queda de vendas? Ouvidos pela reportagem da Agência Autoinforme, executivos do setor, em geral, preferiram culpar os vilões de sempre: juros altos, restrição ao crédito, burocracia, problemas econômicos, falta de confiança do consumidor, Copa do Mundo e eleições. E, claro, o campeão das reclamações: “a alta carga tributária”.
Ruben Barbosa, diretor de operações da Jaguar Land Rover, acha que as taxas de juros, o sistema tributário e burocracias são as principais dificuldades do setor automobilístico no Brasil e não esqueceu de incluir a Copa do Mundo e as eleições como coadjuvantes na responsabilidade pela desaceleração do mercado no ano passado.
Mesmo detentor de um crescimento de fabulosos 60% num ano em que o mercado caiu 6,9%, o diretor de vendas da Audi Tiago Lemes não deixa de reclamar dos impostos.
“A carga tributária é uma das dificuldades que enfrentamos no Brasil, Além disso, o mercado é muito dependente de crédito; quando existem restrições, o número de vendas cai”, disse.
Mesmo num ano em que o IPI foi reduzido, alguns dirigentes colocam a culpa pelo mau desempenho do setor na carga tributária, como o presidente da Suzuki no Brasil, Luiz Rosenfeld: “Sem dúvida, o maior problema do setor é o tributário”. Marcel Visconde, presidente da Sttutgart, importadora oficial da Porsche, José Ricardo, diretor comercial da Toyota e Herbert Junior, gerente de pós-vedas da Geely, fazem coro com ele.
Herbert Junior, diz que “os impostos e taxas são muito altos no mercado de novos. Tanto é que, enquanto o mercado de 0K cai, o de usados está crescendo, pois recolhem impostos mais baixos”.
Já Luiz Cury, vice-presidente da Chery no Brasil, considerou a dificuldade de crédito o maior problema do setor: “O crédito está ligado diretamente ao volume de vendas, quando diminui a liberação de crédito, as vendas caem.”, disse o dirigente, que creditou à Copa do Mundo parte dos problemas vividos pelo setor em 2014.
Gustavo Schimdt e Sérgio Bessa concordam com ele. O primeiro, vice-presidente comercial da Renault, foi incisivo: “O grande crescimento do mercado que houve no Brasil há alguns anos só foi possível porque houve disponibilidade de crédito”. Sérgio Bessa, que é diretor comercial da Honda Automóveis, destacou também o baixo investimento no setor como fator de desestímulo ao crescimento.
A crítica às altas taxas tributárias é uma constante no setor automobilístico e, os dirigentes sabem que não há esperanças de uma redução significativa e definitiva por parte do governo. Mas apostam nas ações de redução do IPI que o governo costuma promover, por isso mantêm o assunto sempre em destaque, assim como ameaças de demissão, como fazem atualmente algumas montadoras. (Sobre o assunto, leia Lucro Brasil).
O alento aos fabricantes e importadores para este ano é o aumento da oferta de crédito, que deverá ser provocada com a aprovação da lei que autoriza os bancos a retomarem o bem mais rapidamente em caso de inadimplência, com isso, todos esperam maior liberação de crédito.