– Gestores de frotas querem carros mais seguros e motoristas mais conscientes. Conferência Parar vai discutir o assunto em SP
Um em cada dez veículos leves que rodam pelas ruas do Brasil são carros de empresas, usados na prestação de serviço, portanto se supõe que são conduzidos por profissionais conscientes das suas responsabilidades. Mas nem sempre é assim.
Com o objetivo de orientar os gestores de frotas e oferecer um serviço mais profissional aos motoristas, com o objetivo de reduzir acidentes, o instituto Parar, organização sem fins lucrativos criada pela Globo Sat, atua junto ao setor em três aspectos: cultura de educação no trânsito, profissionalização dos gestores de frota e uso de indicadores de acidentes no trânsito.
A Conferência Global Parar, que terá sua terceira edição em novembro próximo, vai discutir o assunto com cerca de 400 empresários do setor.
Após conhecerem o Parar, muitas empresas desenvolveram a cultura de segurança para analisar e educar seus motoristas. Algumas empresas já trabalhavam alguns temas voltados para este assunto e depois do contato com o Parar desenvolveram novas técnicas.
A IBM, por exemplo, já tinha um departamento voltado para a gestão de frota, porém, após conhecer o Parar, na conferência de 2014, conseguiu agregar muito mais conhecimento aos gestores de frota.
“Desde que começamos um trabalho mais estratégico de gestão de frota, conseguimos reduzir em 18% o consumo de combustível e temos expectativa de que essa redução chegue a 30% até o fim deste ano. Aumentamos a frota em 10%, mas reduzindo o custo em 13%, além de reduzir os números de acidentes”, disse Micael Duarte, gestor de frota da IBM.
A contratação de carros mais seguros para a frota se deu pelo contato com o Parar, que apresentou o estudo do Latin NCAP para o gestor de frota, que a partir deste dia, decidiu que o fator principal para a compra de um carro da frota seria este.
A IBM ainda realiza um treinamento anual específico para cada área da empresa. No caso dos motoristas da frota, eles recebem aulas de direção defensiva. Caso o motorista não atinja a nota mínima na prova, deverá repetir o curso. A empresa exige 40 horas de treinamento para cada funcionário.
“Educar e conscientizar o funcionário que está na rua são os primeiros passos para que a empresa esteja tranquila com o seu funcionário. É muito mais barato investir neste tipo de treinamento do que o investimento que será feito para resolver o problema que um acidente envolvendo terceiros causará para a empresa”, comentou Micael Duarte.
Outra empresa, a Ambev, teve uma atitude interessante, Ricardo Makoto, foi nomeado especialista de frota, com isso, identificou uma série de problemas que o setor apresentava, fez contato com algumas empresas prestadoras de serviços de telemetria e foi indicado para conhecer o Parar. Depois de participar de um dos eventos do Instituto, Makoto teve ainda mais consciência do quanto o seu cargo era importante, tanto para a empresa, quanto para a sociedade.
Diante desta situação, o setor de frotas começou a ser visto com outros olhos pela empresa e hoje representa 15% do orçamento fixo da Ambev. Hoje, a empresa conseguiu reduzir consideravelmente o número de multas que a frota recebe, além de reduzir outros custos, mas que a empresa não divulga os dados.
“Na hora de escolhermos os carros da nossa frota, levamos em conta o estudo do Latin NCAP, pois queremos oferecer segurança ao funcionário que está na rua. Tanto é que na última renovação de frota que fizemos, optamos por comprar o carro com a melhor nota do NCAP”, disse Ricardo Makoto, especialista de frota da Ambev.
A empresa exige alguns treinamentos para os funcionários: no caso de uma nova contratação, mesmo tendo a CNH, a pessoa deve passar por um teste de direção e será contratada apenas se passar no teste.
Além disso, para quem já é funcionário e usa uma das motos da frota, a Ambev exige que seja feito um curso de direção defensiva a cada seis, no CETH da Honda, em Indaiatuba. No caso dos funcionários que usam os carros da frota, este treinamento ocorre anualmente.
“O Parar chega para conscientizar as pessoas de que a educação e a segurança no trânsito são extremamente importantes. Isso deve começar pelas grandes empresas, que possuem muitos veículos nas ruas. Com os nossos funcionários conscientizados, eles se tornam multiplicadores deste conhecimento, ajudando a transmitir para outras pessoas”, comentou Makoto.
Alguns temas que serão discutidos ao longo do evento são: mapear e diagnosticar os cenários, conceitos de uma boa política de gestão de frota, indicadores e critérios para análise de situações, treinamentos para a capacitação do gestor e dos motoristas e a difusão da cultura de educação no trânsito.
Segundo os dados do Instituto, a cada 30 mil comportamentos de risco que ocorrem no trânsito, 30 acabam com pessoas gravemente feridas e um causa mortes. Por isso, o Parar busca conscientizar e educar gestores e motoristas de frotas para diminuir o risco diário durante a jornada de trabalho.
Caio Bednarski