“Antigamente, sustentabilidade era um diferencial da empresa, hoje é mandatório”. É assim que o diretor de Comunicação da FCA (Fiat Chysler Automobile), Fernão Silveira, explica o investimento que a Fiat faz no seu Circuito de Sustentabilidade, que reúne diversas ações relacionadas ao meio ambiente e à preocupação com as condições de vida e saúde dos seus funcionários na fábrica de Betim, em Minas Gerais.

Para o diretor, a sustentabilidade impulsiona a minimização dos riscos, o que atinge o investidor e o consumidor; e olhar o futuro, que permite uma visão de onde vai indo o mundo, e assim seguir os passos da modernidade.

Do tratamento da água usada na produção à reciclagem do isopor; da adoção do inédito exoesqueleto, que permite melhor mobilidade e ergonomia aos trabalhadores da linha de montagem, chegando ao projeto Termografia, que pretende avaliar diariamente a saúde dos funcionários.

Em todas as áreas da fábrica há um olhar “sustentável”, uma preocupação com a redução do impacto ambiental na produção, a busca de produtos ecologicamente corretos, além de manter um olhar no futuro, observando as mudanças do comportamento do consumidor de forma a atendê-lo com mais eficácia, a busca de soluções para a mobilidade urbana e o investimento nas mais modernas opções de energia, como os biocombustíveis, a eletrificação e a autonomia dos veículos.

Desde 2011 a fábrica de Betim destina 100% dos resíduos que gera para a reciclagem. Todo o material reciclável é destinado à Ilha Ecológica, uma área dentro da fábrica onde os materiais são separados, armazenados e enviados cada qual para o seu destino correto.

Cooperavore – Foto Leo Lara/Studio Cerri

Há mais de dez anos a empresa passou a reciclar o isopor, que chega em grande quantidade na fábrica como embalagem das peças de fornecedores. Uma máquina recebe o material bruto e o transforma em pequenos grãos, que são enviados para uma empresa de reciclagem e transformados em vários produtos, como canetas e capas de CD.

Para aproveitar o material descartado, a Fiat constituiu uma cooperativa formada por mulheres num bairro localizado nos arredores da fábrica de Betim. Refugos de cinto de segurança e de tecido usados na forração dos bancos dos carros são transformados em bolsas, carteiras, mochilas revendidos pelas mulheres da Cooperárvore, proporcionando uma renda para a comunidade. Além disso, o projeto atende as crianças da comunidade, com aulas de música.

Comemoração dos 10 Anos da Cooperárvore na Casa Fiat de Cultura. Foto: Leo Lara/Studio Cerri

Os números grandiosos comprovam que as ações provocam resultados expressivos: em cinco anos, a geração de resíduos de embalagem de madeira reduziu 60% e no mesmo período foram recicladas sete mil toneladas de plástico.

A reutilização de 9,4 mil toneladas de papel evitou o corte de 282 mil árvores (cada tonelada de papel reciclado evita-se o corte de 30 árvores) e as 100 toneladas de plástico recicladas evitaram a extração de 70 toneladas de petróleo.

Nos últimos três anos foram desenvolvidos 175 projetos em busca de sustentabilidade apenas no setor de funilaria, o que gerou uma redução de 31.630 MWh/ano, energia equivalente ao abastecimento de uma cidade de 67 mil habitantes durante um ano.

Ilha Ecológica- Foto Leo Lara/Studio Cerri

Outra ação que resultou em economia de energia na fábrica foi o diagnóstico de consumo desnecessário de ar comprimido para alimentação dos dispositivos pneumáticos, o que resultou numa queda do consumo de 28,95 Nm3/h para 5,46 Nm3/h. O investimento, como em quase todas as ações de sustentabilidade, tem retorno. No caso na solda em Betim, ainda em fase de implantação, estima-se que o benefício gerado com a redução do consumo seja equivalente à metade do valor investido no projeto.

O investimento da Fiat no tratamento de efluentes vem de longa data. Desde a implantação da fábrica, em 1976, a empresa iniciou o reuso, tratando os efluentes. Ao longo dos anos, novas técnicas de tratamento, novas estações, utilização de biofiltração com carvão ativado, implantação das tecnologias de membranas de osmose reversa fez o índice de reuso chegar a 99,6%, isto é, praticamente toda a água utilizada no processo produtivo é reaproveitada.

Saúde e prevenção

A novidade em relação ao cuidado com a saúde dos funcionários de Betim é o Projeto Termografia, onde os trabalhadores são avaliados diariamente antes da entrada no trabalho. Nessa primeira etapa de testes, 24 funcionários foram selecionados para serem submetidos a avaliações. Eles são fotografados e submetidos a uma climatização que varia de 19º C e 23º C. Com isso, são registrados pontos de calor no corpo, que podem ser sinal de inflamação. Com base nessas informações a equipe médica encaminha a pessoa para tratamento preventivo, se for o caso, evitando o acometimento da doença e reduzindo o afastamento do funcionário.

A Fiat utiliza em Betim o princípio do 5Rs:

Recusar – ou seja, não gerar resíduos

Reduzir – a geração de resíduos

Reutilizar

Reciclar

Recuperar – que é o uso do resíduo para gerar energia.