Vendas caem, falta produto, falta crédito e só o segmento dos velhinhos é que cresce no Brasil
O balanço do mercado automobilístico este ano é negativo, com produção e vendas em queda em relação ao ano passado.
A associação dos fabricantes, Anfavea, revelou nesta sexta-feira (8/7/22) que houve queda de 14,6% de licenciamentos de veículos no primeiro semestre, com 918 mil unidades comercializadas, contra 1.074 no primeiro semestre de 2021.
O setor vive globalmente a falta de componentes, notadamente os semicondutores, muito utilizados nos veículos. Portanto, grande parte dos países produtores estão sofrendo com o problema. Países como Itália, EUA, França e Japão também tiveram queda de produção ainda maiores que o Brasil (mais de 14,6%). Reino Unido, Coreia, Alemanha, Espanha e China também tiveram quedas expressivas.
Em resumo, como disse o líder dos fabricantes, Márcio de Lima Leite, o problema é a falta de produção e não a falta de clientes. Ele acha que, se houver produção, as vendas crescem. Mas lembrou que o consumidor está migrando para segmentos inferiores: o comprador do OK passou a comprar o seminovo e assim por diante, de forma que, hoje apenas o segmento dos velhinhos (carros com mais de 12 anos), está crescendo; todos os demais segmentos caíram, o que revela a falta de dinheiro no bolso do consumidor.
As razões desse comportamento, segundo Márcio é a dificuldade de acesso ao crédito. Ele lembrou que historicamente, as vendas financiadas ficavam entre 60% e 70%do total, sendo apenas 30 a 40% de vendas à vista. Hoje essa situação se inverteu: apenas 40% financiam e 60%, até mais, compram o carro à vista.
Além disso, as financeiras estão mais exigentes, pedem maior percentual de entrada, maior garantia e oferecem prazos menores de pagamento.
“A restrição ao credito levou a mudança ao perfil do consumidor, que busca opções nos segmentos inferiores”, disse o dirigente.
Ou seja: a compra de carro zero (e também de usados) está se afunilando ainda mais, a ponto de apenas 0,9% dos brasileiros terem condições de comprar um carro zero e apenas 5% compra um usado (incluindo os velhinhos).
Produção
A produção também caiu, mas bem menos do que as vendas no mercado interno. Formam fabricados no primeiro semestre 1,092 milhão de unidades, contra 1,149 milhão no primeiro semestre do ano passado, uma queda portanto de apenas 5%.
O que mais vingou este ano foram as exportações, com alta de 23% sobre o mesmo período de 2021. Foram vendidos no mercado externo 246 mil unidades, contra 200 mil no semestre de 2021, graças, principalmente ao crescimento do mercado chileno e equatoriano. Colômbia e Peru também são países bom compradores dos carros brasileiros e, claro, a Argentina, mais importante cliente do País.