Dados do Ministério da Saúde indicam que 16 mil ciclistas morreram entre 2003 e 2013 no Brasil em acidentes no trânsito. Muitos não usavam o capacete protetor, que, embora tenha um efeito limitado, pode reduzir o impacto, diminuir as consequências do acidente e evitar mortes.
O problema é que, ou melhor, OS PROBLEMAS, são: O Código de Trânsito Brasileiro considera equipamentos obrigatórios aos ciclistas: campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho retrovisor do lado esquerdo. Nada fala sobre capacete. O segundo problema é que, mesmo os ciclistas que usam o equipamento não estão devidamente protegidos.
O Inmetro – Instituto de Metrologia, Qualidade e Tecnologia, avaliou que todas as oito marcas testadas demonstraram não conformidades no aspecto da rotulagem, o que pode levar a um aumento de acidentes. Dessas, três foram consideradas não conformes, sendo duas reprovadas no teste de eficiência do sistema de fixação e a terceira em dois ensaios: resistência e facilidade de abertura do sistema de fixação e absorção de impacto.
Ruim com o capacete, pior sem ele.
Testes
Os capacetes testados foram adquiridos pelo Inmetro no mercado brasileiro e as amostras foram obtidas nos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. São as seguintes: Monster High, Nerf, Oxer, Specialized, Kraft, Giro, Prowell e Multilaser.
Os resultados obtidos nesta análise revelaram uma tendência de não conformidade em relação aos requisitos técnicos vigentes na NBR 16175:2013 para as amostras de capacetes para ciclistas disponíveis no mercado nacional
Foram realizados cinco tipos de avaliações, considerando os materiais utilizados na construção e a durabilidade sob influência do envelhecimento ou das circunstâncias de uso, como a exposição ao sol, ou outras intempéries
Com relação aos três ensaios mecânicos que verificam os requisitos de segurança do produto e que são considerados os mais relevantes, as marcas Kraft, Nerf e Multilaser apresentaram não conformidades.
Na avaliação de marcação, para verificar se o produto traz as informações obrigatórias (nome, fabricante, CNPJ, etc) exigidas por norma, todas foram consideradas não conformes. Já na avaliação de informações fornecidas pelo fabricante/importador, como instruções de uso e proteção, três das oito marcas foram reprovadas.
Na resistência e facilidade de abertura do sistema de fixação, a cinta jugular, apenas uma marca foi considerada irregular.
No que se refere ao ensaio de absorção de impacto, o mais crítico aplicado aos capacetes, apenas uma marca teve seu produto não conforme.
O ensaio de campo de visão foi o único onde todas as marcas foram aprovadas.
Os dados foram divulgados pelo engenheiro Mauricio Ferraz de Paiva, presidente do Instituto Tecnológico de Estudos para a Normalização e Avaliação de Conformidade (Itenac).