Andamos nos carros de emissão zero e visitamos o Centro de P&D da gigante coreana
A pegada ecológica da Hyundai, com seus carros ecologicamente amigáveis, começou em 2013, com a produção em série do modelo movido a célula de combustível, opção preferida da empresa entre as opções de emissão zero de poluentes.
Desde 2016 a Hyundai produz e vende o Ioniq, o primeiro carro elétrico com três opções de motorização: elétrico puro, híbrido e híbrido com tomada (veja matéria).
Mas qual a tendência mundial entre os carros de emissão zero?
“A Hyundai investe em todas as opções que se desenham para o futuro, porque ninguém sabe qual será a melhor, qual será a escolhida pelas novas gerações”, disse à nossa reportagem o vice-presidente de Relações Públicas da Hyundai Motor Group, sr. Zayong Koo, revelando no entanto que a aposta preferida da empresa é pela célula de combustível.
Isso porque a Hyundai começou o desenvolvimento da tecnologia antes e tem alta expertise no assunto, com um produto comercial no mercado há quatro anos. É uma das duas montadoras a ter um modelo comercial à célula de combustível: a outra é a Toyota.
Zayong Koo desfila outras vantagens da tecnologia:
“A célula de combustível é a energia mais limpa, gera apenas água (potável) nas emissões. Tem mais autonomia do que o carro elétrico: o modelo da Hyundai faz 500 km com uma carga e a próxima geração do carro terá autonomia de 800 quilômetros. Além disso, a recarga é rápida: leva o mesmo tempo de abastecimento de um carro à combustão.
Em relação à dirigibilidade, o comportamento das duas tecnologias é parecido, mas o carro a célula de combustível que avaliamos em Seul (um modelo IX35 é mais, digamos, parecido com um “carro normal”, já que o elétrico puro tem algumas características que o diferenciam dos demais.
O Hyundai movido à célula de combustível é oferecido no mercado estadunidense por uma espécie de leasing, onde o usuário paga uma taxa de US$ 500,00 por mês para fazer uso do carro.
A Hyundai tem ainda o projeto Zero Acidente, que incrementa segurança ativa para os ocupantes do carro e para os pedestres. O sistema avalia o gerenciamento de risco em tempo real e monitora o serviço de salvamento de emergência.
Centro de P&D tem 34 pistas de testes
Os estudos são feitos no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, que visitamos em Hwaseong. São 34 pistas de testes que expõe 71 tipos de piso de rodagem. A primeira pista é logo na entrada do complexo, uma ampla área de 70 metros de largura por 1,2 km de comprimento, onde são feitos testes de aceleração, frenagem e dirigibilidade. Logo em seguida tem a pista de pisos irregulares, onde são testadas a rigidez e a durabilidade do carro e em seguida o túnel de pó, que testa a vedação do carro e dos componentes, usada especialmente para checar a vedação dos carros exportados para o Oriente Médio, onde as condições de penetração de pó no interior do carro exigem mais cuidado.
A pista oval simula uma reta infinita, serve para testar os carros em alta velocidade, tem 4,5 km de extensão e permite aceleração (controlada) a até 250km/h. Outra pista simula os diferentes tipos de piso de rodagem encontrados nos países para onde o Grupo Hyundai exporta seus carros.
Além de 7.500 veículos em testes permanentes, outros 350 carros são comprados da concorrência e submetidos aos mesmos testes dos carros da empresa, como avaliação de vedação, ruído, construção, uso e qualidade dos componentes etc.
A pista mais curiosa é a dos testes de impacto, onde se verifica o estrago causado nos carros acidentados e nos usuários.
As batidas mais comuns são simuladas e avaliadas pela equipe técnica, enviadas à engenharia, que procede a eventuais alterações no projeto. A pista tem opções de teste de impacto oblíquo, lateral, frontal e de poste (os testes de capotamento são feitos na Europa). Os chesh-test são registrados por uma infinidade de câmeras com alto poder de captação: equipamentos de alta definição capturam o momento exato da deformação do carro na batida: são tiradas 1000 fotos por segundo, de forma a registrar a função do cinto de segurança e do airbag, que são acionados em 0,2 segundo após a batida.
Dezenas de Damis integram o plantel do Centro de P&D. São manequins que ocupam o lugar de motorista e dos passageiros, monitorados por sensores que registram os estragos causados no acidente.
Siderúrgica própria garante qualidade
O Grupo Hyundai, que inclui a marca Kia e domina o mercado coreano com 70% das vendas (veja), é uma empresa altamente verticalizada, o que, segundo Zayong Koo, permite o total controle de qualidade dos carros. A Hyundai é dona da maior siderúrgica do país e uma das maiores do mundo, fornecendo aços especiais para a produção dos carros e também para a construção naval, operação também sob o controle do grupo Hyundai.
“Nossa siderúrgica está focada no desenvolvimento automotivo, disse Zayong Koo – e isso reflete nos bons resultados que obtemos nos nossos chesh-tests e na qualidade dos nossos produtos em todo o mundo”. Para o executivo, a verticalização agrega valor à marca mesmo numa produção de grande volume: a Hyundai Motor Group produz oito milhões de carros por ano em oito países e é o quinto maior fabricante do mundo.