Equipamento é gargalo da indústria, que não tem carro para atender a demanda. Equilíbrio só em 2022

A pandemia do coronavírus afetou diretamente a produção de veículos em todo o mundo no ano passado e embora a procura neste ano tem estimulado a indústria, a falta de componentes não permite que muitas montadoras possam atender os clientes. No Brasil, o maior exemplo vem da GM, que praticamente parou a produção na fábrica de Gravataí/RS, onde é feito o Onix. Modelo mais vendido nos últimos seis anos, o Onix sequer entrou na lista dos Dez Mais em maio.

O problema que a GM e demais montadoras enfrentam é a falta de semicondutores, equipamentos fundamentais para montar os carros atuais. Semicondutores são pequenas peças eletrônicas que servem para processar, armazenar e transmitir dados e são usados em vários setores da indústria, não apenas na automobilística.

O semicondutor faz a interligação e o controle das funções do motor do carro, sendo responsável pelas funções de ignição, injeção de combustível, sensores, sistemas de segurança, conforto e entretenimento. Assim, quanto mais equipamentos eletrônicos tem o carro, maior a quantidade de semicondutores necessária para a sua construção.

Segundo o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes a falta de semicondutores é o grande gargalo da indústria hoje e prevê que essa situação deve permanecer por todo o segundo semestre, com expectativa de o setor obter o equilíbrio somente em 2022.

Enquanto isso, avalia o dirigente, partes dos consumidores está optando pelo carro seminovo e outros estão adiando a compra do carro zero para o ano que vem.

“O semicondutor é indispensável para vários equipamentos; é a grande inovação da indústria e será fundamental para a chegada das novas tecnologias. Está entrando no 5G, na Internet das Coisas, na Inteligência artificial. Portanto é estratégico par o Brasil”, disse Luiz Carlos Moraes.

“Temos um problema – continuou – que não é só do Brasil, mas muitos países estão pensando em investir numa política industrial para não ficar dependente e vulnerável. O Brasil precisa fazer parte dessa nova indústria, que vai revolucionar não só o setor automobilístico, mas toda a indústria”.

Ele destacou que essa evolução incentiva a pesquisa, o conhecimento, a engenharia, a computação, que são conhecimentos importantes para o País. É faz uma provocação:

“É uma oportunidade para o Brasil crescer, desenvolver profissionais em novas áreas, construir produtos de maior valor agregado e aumentar as exportações. É uma coisa que veio para ficar. Precisamos avançar nessas áreas, pensando no futuro do País”.